sexta-feira, 27 de abril de 2012

PESQUISA: Fortaleza teria a melhor calçada


Um dos critérios utilizados no levantamento foi a presença de rampas de acessibilidade. Acima, a cadeirante sofre para atravessar a Rua Barão do Rio Branco, no Centro da Capital, justamente pela falta do equipamento O estudo avaliou seis vias da Capital. Porém, na prática, o que se observa são calçadas ruins e mal conservadas


Calçadas esburacadas, desniveladas, sem acessibilidade para deficientes físicos, ocupadas por vendedores ambulantes, com mesas de bares no meio da passagem e com carros estacionados atrapalhando o livre trânsito de pedestres. É essa a realidade de grande parte das calçadas de Fortaleza. Mesmo assim, de acordo com estudo feito pelo portal Mobilize Brasil, a Capital possui as melhores calçadas do País.

Para eleger o ranking apontando as melhores e as piores calçadas, o Mobilize avaliou, entre fevereiro e abril deste ano, a situação de 12 capitais brasileiras. Em Fortaleza, seis vias foram estudadas: Avenida Beira- Mar, Praia de Iracema, Centro, Av. Washington Soares, Av. Bezerra de Menezes e Av. Domingos Olímpio. As duas últimas estão entre as dez melhores calçadas do País, com nota 9,13 cada. Já no Centro e na Praia de Iracema, os dados não são tão animadores, ficaram com 5,38 e 5,63.

As avenidas Beira-Mar e Washington Soares tiveram notas 8,38 e 8, respectivamente. Os critérios utilizados na pesquisa foram irregularidades no piso, largura mínima de 1,20m, degraus, obstáculos (postes, telefones públicos, lixeiras e bancas de revistas), rampas de acessibilidade, iluminação, sinalização para pedestres e paisagismo.

Considerando que calçadas com boa qualidade são um equipamento fundamental para a mobilidade urbana sustentável, Fortaleza está longe de ser um modelo ideal. Apesar do projeto executado pelo Programa de Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor), que prevê padronização das calçadas e acessibilidade para pedestres nos três corredores exclusivos para ônibus - ligando o bairro Antônio Bezerra ao Papicu, a Av. Augusto dos Anjos a José Bastos, e a Av. Senador Fernandes Távora a Expedicionários -, o que se vê, em muitas vias, seja em bairros nobres ou periféricos, é exemplo de desrespeito com a população.

A advogada Márcia Soares, 45 anos, reclama que as ruas da Capital estão em péssimo estado de conservação. Recentemente, ela torceu o pé na calçada da Rua Historiador Raimundo Girão, Bairro de Fátima. Por conta disso, teve que passar 20 dias com o pé engessado e ainda terá de fazer sessões de fisioterapia. "Na Avenida Deputado Oswaldo Studart, tem uma calçada que é intrafegável. Não tem como a gente andar, é só buraco", denuncia.

Com as caçadas mal ocupadas, aos pedestres a opção que resta é se aventurar na via, entre os carros, correndo risco de sofrer um acidente.

Crítica

Surpresa pelo resultado que coloca Fortaleza com as melhores calçadas do País, a professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) e integrante do coletivo Mobilidade Urbana, Gislene Macêdo, questiona a idoneidade da pesquisa e afirma que os dados são uma grande ilusão.

Na avaliação da especialista, as calçadas de Fortaleza, com raras exceções, são indiscutivelmente ruins, e a prioridade não é dos pedestres. Acrescenta que elas são ocupadas basicamente para estacionamento de veículos e exposição de mercadorias. "Se você avalia apenas as melhores e coloca uma ruim, é claro que a média vai subir", critica.

A reportagem tentou contato com a Secretaria Executiva Regional do Centro de Fortaleza (Sercefor), mas os telefonemas não foram atendidos.

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