quarta-feira, 25 de abril de 2012

Milton Nascimento celebra 50 anos de carreira



Falando por telefone de sua casa-estúdio no Rio de Janeiro, Milton Nascimento não teme soar demagógico. Prefere atribuir ao acaso o momento mais decisivo de sua longa carreira, quando o cantor Agostinho dos Santos, já morto, inscreveu às escondidas três músicas do colega no Festival Internacional da Canção de 1967.

Não fosse a ousadia visionária do amigo, Milton talvez não pudesse ter dado início, sábado à noite, com um show no Theatro Central de Juiz de Fora, às comemorações de seus 50 anos de história na música.

Casadas com os 35 anos de seu primeiro álbum, Travessia, e com seu 70º aniversário, em outubro, está uma agenda de oito apresentações pelo Brasil, sempre com participação especial de Lô Borges, coautor do clássico Clube da Esquina, de 1972.

“Resolvi homenagear o Travessia porque é um disco muito importante para mim, que me lançou no Brasil e para fora, ao lado do Tamba Trio, grupo do qual sempre fui fã”, diz o cantor.


Ao definir o repertório do show, que em cada palco terá um convidado local, Milton preferiu recorrer à velha fórmula dos grandes sucessos, mas com um diferencial.

“Haverá músicas desde aquela época até hoje, só que com algumas surpresas”, adianta, sem revelá-las.

No Rio, no dia 6 de outubro, a temporada ganhará registro em DVD. A ideia é distribuí-lo no ano que vem em escolas públicas da cidade mineira de Três Pontas, berço musical e afetivo do inusitadamente carioca Milton.

“É mais um tributo que presto às minhas origens. O que a cidade e seus músicos me deram é muito forte.”

Quase um septuagenário, “Bituca” - apelido dos tempos de infância - se diz envaidecido com o reconhecimento recebido no Brasil e fora dele. É provavelmente o artista da MPB ao qual o jazz mais se curvou (Sarah Vaughan, Wayne Shorter e a jovem Esperanza Spalding, para citar alguns nomes).

Ainda que ostente tamanho status, ele prefere olhar adiante. É eclético, gosta de novidades. Ao atual espetáculo de Maria Rita, que lembra os 30 anos da morte de Elis Regina - sua inesquecível parceira -, é só elogios. “Fiquei muito feliz, pois não é ela tentando imitar a mãe”.

Para o futuro próximo, novidades. O “ano Milton” reserva ainda o lançamento de dois livros: um baseado no registro de conversas com o músico Chico Amaral e outro recheado de letras, quatro delas inéditas. Os planos não param por aí.

“Como o Lô está comigo, às vezes fico pensando em, quando acabar essa comemoração, continuar tocando com ele e fazer um show do Clube da Esquina”. (Leonardo Rodrigues, da Folhapress)

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