Torcedores do Ferroviário incentivaram o time do início ao fim, mas depois transferiram sua mágoa para o presidente do clube, Wanderley Pedrosa |
Time coral até fez a sua parte ao vencer o Guarani no Moraisão, mas a goleada do Icasa decretou a queda
Conseguindo apenas uma das condições para permanecer na Primeira Divisão do Campeonato Cearense, que era vencer o Guarani de Juazeiro, o Ferroviário não teve a sorte de atingir a segunda exigência para ficar na elite local e acabou, ontem à tarde, rebaixado para a Segunda Divisão local, fato inédito em toda a sua história.Os corais venceram o Leão do Mercado por 2 a 1 no Moraisão, em Maranguape mas caíram por conta da goleada do Icasa sobre o Itapipoca (3 a 0), em Juazeiro. Acompanham os corais na queda, Trairiense e Itapipoca.
Foi uma tarde para os torcedores corais tirarem da cabeça. Ou então, buscarem meios para suplantar a maior dificuldade que o clube enfrenta em seus quase 79 anos de história.
A derrocada do Ferroviário dentro de campo é apenas a ponta do iceberg de um time que pareceu sem rumo durante todo o campeonato, especialmente pela falta de recursos.
Problemas
Para o técnico Roberto Cearense, a campanha foi fruto do que o clube passa internamente. "É lamentável tudo isso que está passando o Ferroviário. A cada ano, a gente luta para não cair. É preciso que haja uma reformulação geral no clube e assim possamos novamente lutar pelo título", queixou-se o técnico Roberto, que fugiu de revelar que problemas eram esses.
Alguns deles até se tornaram visíveis, como a falta de obediência a uma hierarquia. No jogo de ontem, por exemplo, aos 37 minutos do primeiro tempo, o técnico Roberto Cearense decidiu retirar de campo o meia Márcio Tarrafas, que até àquela altura ainda não tinha atuado bem. Tarrafas, quando anunciado que seria substituído por Jean Mossoró avisou ao árbitro que não iria sair. A própria torcida apoiou Tarrafas e ficou contra a decisão do treinador, gritando o nome do atleta, em apoio a este.
Tarrafas acabou melhorando de rendimento. "Não que fosse um desrespeito ao professor, porque qualquer um que estivesse no comando eu não iria sair. Estou aqui desde o início e sei de todos os problemas que nós passamos. Então, eu queria ficar e ajudar", defendeu-se Tarrafas. "Ele só passou a correr quando viu que ia sair", disse o técnico.
Jogo
No primeiro tempo, o que se viu foi o Guarani - que só tinha os 11 jogadores em campo, sem reservas - jogar com mais organização. A dupla de ataque do Ferrão, formada por Canga e Bruno Paulista, não conseguiu produzir o esperado no primeiro tempo e o Guarani esteve perto de marcar, aos 14 minutos. O meia Juninho cruzou da esquerda e Bruno Pacatuba deu um carrinho, mas não alcançou a bola, quase debaixo da trave.
Aos 25 minutos, veio a melhor oportunidade para o Ferrão. Felipe Cauan cruzou da esquerda e Bruno Paulista cabeceou, acertando o travessão.
Se o Ferrão encontrava dificuldades para finalizar, o seu goleiro, Handerson, fez defesas que salvaram o time no 1º tempo.
Gols
O Ferrão fez seus gols no segundo tempo. Aos 10 minutos, o meia Rafinha fez um lançamento comprido para Canga. Este avançou e chutou no canto. O goleiro ainda tocou, mas não evitou o gol. O Guarani empatou aos 21 minutos. Juninho escapou pela esquerda e cruzou para a área. Lá estava Paulo Robinson, que só escorou: 1 a 1.
Roberto Cearense fez as três substituições e deu certo. Adriano, que entrou no segundo tempo, sofreu pênalti. Rafinha cobrou e virou o placar para 2 a 1.
"Não dependia só de nós, mas queríamos encerrar esse jogo com hombridade", disse Rafinha. Não aconteceram grandes lamentações por parte dos jogadores. A torcida, no alambrado, pediu a saída do presidente Wanderley Pedrosa, mas aos poucos foi "convidada" a se retirar, pelos policiais presentes.
Ficha técnica
Ferroviário2Handerson; Helton Meruoca (Adriano), Guilherme, Anderson Borges e Felie Cauan (Marclécio); Nego, Jardel, Rafinha (Rildo) e Márcio Tarrafas; Bruno Paulista e Canga
Técnico: Roberto Cearense
Guarani1Fábio; Alef; Ígor, Paulo Ricardo e Marcos Paulo; Ramon, Jáder, Bruno e Juninho; Paulo Robison e Anderson
Técnico: Jairo César
Campeonato Cearense de 2012
Estádio: Moraisão, em Maranguape (CE)
Data: 15 de abril de 2012
Renda: R$ 2.923,00
Público: 434 pagantes
Árbitro: Almeida Filho
Assistentes: Thiago Brígido e Ricardo Dantas
Gols: Canga (10/2ºT); Paulo Robinson (21/2ºT) e Rafinha (30/2ºT)
Cartões amarelos: Guilherme, Bruno Paulista e Canga (FER); Juninho (GUA)
Cartão vermelho: Guilherme (FER)
Corais têm carta na manga no tapetão
Quando a partida entre Ferroviário e Guarani de Juazeiro foi encerrada ontem à tarde, não houve muitas cenas de jogadores chorando, como aconteceu quando o Ferrão perdeu para o Fortaleza. Parecia que os atletas estavam mais conformados.
Na verdade, todos eles já sabiam que, se não fosse possível dentro de campo, a diretoria tentaria lhes assegurar a permanência na Primeira Divisão, através de um processo no TJDF, Tribunal de Justiça Desportiva de Futebol do Estado do Ceará.
O supervisor do Ferrão, Francisco Pereira, o Chicão, disse possuir documentação que comprova a seguinte denúncia: o Crateús utilizou dois atletas irregulares durante o Campeonato Cearense e terá que ir a julgamento.
Chicão, como é conhecido o supervisor coral, disse que vinha monitorando a irregularidade desde quando surgiu o problema, para caso o Ferrão precisasse. Os atletas são Bruno Recife e William Lima e Silva, o William Carioca. "Eles completaram a série de três cartões amarelos e fizeram o quarto jogo sem cumprir a automática. Atuaram irregulares contra o Tiradentes e contra nós", revelou Chicão.
O Crateús perderia três pontos por cada atleta irregular, ficando com 20 pontos, enquanto que o Ferrão, com 21, escaparia. Hoje, a diretoria do Ferroviário entra com ação no TJDF.
O presidente do Crateús, Franzé Martins, disse que está fazendo um levantamento para saber se a denúncia procede ou não.
Má administração e falta de compromisso
Muitos críticos apontam a falta de uma administração comprometida com os interesses do Ferroviário como principal responsável pela derrocada do time no Campeonato Cearense.
"Essa queda já vinha sendo ensaiada há muito tempo. Problemas estruturais e administrativos vêm sendo o grande desafio para o clube nos últimos anos. O time do Ferroviário, em 2012, bateu recordes de renúncias de dirigentes e isto, somado a outros fatores, acabou sendo determinante para o rebaixamento da equipe", pontuou o comentarista Wilton Bezerra.
Segundo o jornalista, o envolvimento de empresários interessados somente no retorno financeiro também contribuiu para o rebaixamento do Tubarão. "Quem trata o futebol apenas como um negócio, está se lixando para o clube e para os torcedores", concluiu o Wilton.
Tragédia anunciada
Para o apresentador e torcedor declarado do Ferrão, Sebastião Belmino, os futuros dirigentes deverão ter cuidado para não repetir histórias de renomadas equipes do passado. "O meu medo é que o Ferroviário passe pela mesma situação vivenciada por clubes como Maguary, Gentilândia e Calouros do Ar", expôs Belmino.
IVAN BEZERRAREPÓRTER
Conseguindo apenas uma das condições para permanecer na Primeira Divisão do Campeonato Cearense, que era vencer o Guarani de Juazeiro, o Ferroviário não teve a sorte de atingir a segunda exigência para ficar na elite local e acabou, ontem à tarde, rebaixado para a Segunda Divisão local, fato inédito em toda a sua história.Os corais venceram o Leão do Mercado por 2 a 1 no Moraisão, em Maranguape mas caíram por conta da goleada do Icasa sobre o Itapipoca (3 a 0), em Juazeiro. Acompanham os corais na queda, Trairiense e Itapipoca.
Foi uma tarde para os torcedores corais tirarem da cabeça. Ou então, buscarem meios para suplantar a maior dificuldade que o clube enfrenta em seus quase 79 anos de história.
A derrocada do Ferroviário dentro de campo é apenas a ponta do iceberg de um time que pareceu sem rumo durante todo o campeonato, especialmente pela falta de recursos.
Problemas
Para o técnico Roberto Cearense, a campanha foi fruto do que o clube passa internamente. "É lamentável tudo isso que está passando o Ferroviário. A cada ano, a gente luta para não cair. É preciso que haja uma reformulação geral no clube e assim possamos novamente lutar pelo título", queixou-se o técnico Roberto, que fugiu de revelar que problemas eram esses.
Alguns deles até se tornaram visíveis, como a falta de obediência a uma hierarquia. No jogo de ontem, por exemplo, aos 37 minutos do primeiro tempo, o técnico Roberto Cearense decidiu retirar de campo o meia Márcio Tarrafas, que até àquela altura ainda não tinha atuado bem. Tarrafas, quando anunciado que seria substituído por Jean Mossoró avisou ao árbitro que não iria sair. A própria torcida apoiou Tarrafas e ficou contra a decisão do treinador, gritando o nome do atleta, em apoio a este.
Tarrafas acabou melhorando de rendimento. "Não que fosse um desrespeito ao professor, porque qualquer um que estivesse no comando eu não iria sair. Estou aqui desde o início e sei de todos os problemas que nós passamos. Então, eu queria ficar e ajudar", defendeu-se Tarrafas. "Ele só passou a correr quando viu que ia sair", disse o técnico.
Jogo
No primeiro tempo, o que se viu foi o Guarani - que só tinha os 11 jogadores em campo, sem reservas - jogar com mais organização. A dupla de ataque do Ferrão, formada por Canga e Bruno Paulista, não conseguiu produzir o esperado no primeiro tempo e o Guarani esteve perto de marcar, aos 14 minutos. O meia Juninho cruzou da esquerda e Bruno Pacatuba deu um carrinho, mas não alcançou a bola, quase debaixo da trave.
Aos 25 minutos, veio a melhor oportunidade para o Ferrão. Felipe Cauan cruzou da esquerda e Bruno Paulista cabeceou, acertando o travessão.
Se o Ferrão encontrava dificuldades para finalizar, o seu goleiro, Handerson, fez defesas que salvaram o time no 1º tempo.
Gols
O Ferrão fez seus gols no segundo tempo. Aos 10 minutos, o meia Rafinha fez um lançamento comprido para Canga. Este avançou e chutou no canto. O goleiro ainda tocou, mas não evitou o gol. O Guarani empatou aos 21 minutos. Juninho escapou pela esquerda e cruzou para a área. Lá estava Paulo Robinson, que só escorou: 1 a 1.
Roberto Cearense fez as três substituições e deu certo. Adriano, que entrou no segundo tempo, sofreu pênalti. Rafinha cobrou e virou o placar para 2 a 1.
"Não dependia só de nós, mas queríamos encerrar esse jogo com hombridade", disse Rafinha. Não aconteceram grandes lamentações por parte dos jogadores. A torcida, no alambrado, pediu a saída do presidente Wanderley Pedrosa, mas aos poucos foi "convidada" a se retirar, pelos policiais presentes.
Ficha técnica
Ferroviário2Handerson; Helton Meruoca (Adriano), Guilherme, Anderson Borges e Felie Cauan (Marclécio); Nego, Jardel, Rafinha (Rildo) e Márcio Tarrafas; Bruno Paulista e Canga
Técnico: Roberto Cearense
Guarani1Fábio; Alef; Ígor, Paulo Ricardo e Marcos Paulo; Ramon, Jáder, Bruno e Juninho; Paulo Robison e Anderson
Técnico: Jairo César
Campeonato Cearense de 2012
Estádio: Moraisão, em Maranguape (CE)
Data: 15 de abril de 2012
Renda: R$ 2.923,00
Público: 434 pagantes
Árbitro: Almeida Filho
Assistentes: Thiago Brígido e Ricardo Dantas
Gols: Canga (10/2ºT); Paulo Robinson (21/2ºT) e Rafinha (30/2ºT)
Cartões amarelos: Guilherme, Bruno Paulista e Canga (FER); Juninho (GUA)
Cartão vermelho: Guilherme (FER)
Corais têm carta na manga no tapetão
Quando a partida entre Ferroviário e Guarani de Juazeiro foi encerrada ontem à tarde, não houve muitas cenas de jogadores chorando, como aconteceu quando o Ferrão perdeu para o Fortaleza. Parecia que os atletas estavam mais conformados.
Na verdade, todos eles já sabiam que, se não fosse possível dentro de campo, a diretoria tentaria lhes assegurar a permanência na Primeira Divisão, através de um processo no TJDF, Tribunal de Justiça Desportiva de Futebol do Estado do Ceará.
O supervisor do Ferrão, Francisco Pereira, o Chicão, disse possuir documentação que comprova a seguinte denúncia: o Crateús utilizou dois atletas irregulares durante o Campeonato Cearense e terá que ir a julgamento.
Chicão, como é conhecido o supervisor coral, disse que vinha monitorando a irregularidade desde quando surgiu o problema, para caso o Ferrão precisasse. Os atletas são Bruno Recife e William Lima e Silva, o William Carioca. "Eles completaram a série de três cartões amarelos e fizeram o quarto jogo sem cumprir a automática. Atuaram irregulares contra o Tiradentes e contra nós", revelou Chicão.
O Crateús perderia três pontos por cada atleta irregular, ficando com 20 pontos, enquanto que o Ferrão, com 21, escaparia. Hoje, a diretoria do Ferroviário entra com ação no TJDF.
O presidente do Crateús, Franzé Martins, disse que está fazendo um levantamento para saber se a denúncia procede ou não.
Má administração e falta de compromisso
Muitos críticos apontam a falta de uma administração comprometida com os interesses do Ferroviário como principal responsável pela derrocada do time no Campeonato Cearense.
"Essa queda já vinha sendo ensaiada há muito tempo. Problemas estruturais e administrativos vêm sendo o grande desafio para o clube nos últimos anos. O time do Ferroviário, em 2012, bateu recordes de renúncias de dirigentes e isto, somado a outros fatores, acabou sendo determinante para o rebaixamento da equipe", pontuou o comentarista Wilton Bezerra.
Segundo o jornalista, o envolvimento de empresários interessados somente no retorno financeiro também contribuiu para o rebaixamento do Tubarão. "Quem trata o futebol apenas como um negócio, está se lixando para o clube e para os torcedores", concluiu o Wilton.
Tragédia anunciada
Para o apresentador e torcedor declarado do Ferrão, Sebastião Belmino, os futuros dirigentes deverão ter cuidado para não repetir histórias de renomadas equipes do passado. "O meu medo é que o Ferroviário passe pela mesma situação vivenciada por clubes como Maguary, Gentilândia e Calouros do Ar", expôs Belmino.
IVAN BEZERRAREPÓRTER
Nenhum comentário:
Postar um comentário