Em Fortaleza, 53,7% da população têm sobrepeso e 18,5% estão obesas, segundo dados do Ministério da Saúde
Maus hábitos alimentares e a desculpa de grande parte dos adultos de que falta tempo para ter uma alimentação saudável faz com que a maior parte acabe comendo alimentos gordurosos, bastante prejudiciais à saúde. Em Fortaleza, mais da metade da população (53,7%) está com excesso de peso. É a capital do Nordeste com maior incidência de pessoas acima do peso e a segunda do País, perdendo apenas para Porto Alegre (55,4%).Na cidade, o excesso de peso é mais predominante entre os homens (58,3%) do que entre as mulheres (49,6%). É o que apontam dados divulgados ontem, pelo Ministério da Saúde, baseados em pesquisa feita pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2011). Ao todo, foram entrevistados 54 mil adultos em todas as capitais brasileiras e no Distrito Federal, entre janeiro e dezembro do ano passado.
Ainda de acordo com a pesquisa, Fortaleza é a segunda capital do Nordeste com maior índice de pessoas obesas (18,4%), atrás de Natal (18,5%). Considerando os dados nacionais, é a quarta capital do País com maior incidência de obesos, atrás de Macapá (21,4%), Porto Alegre (19,6%) e Natal (18,5%).
Midiã Bispo, especialista em Nutrição Clínica, explica que a obesidade pode ser causada por histórico familiar ou por maus hábitos alimentares dos pais, que refletem na alimentação dos filhos. Eles terão tendência a serem obesos. Somado a isso, há o estilo de vida e o sedentarismo.
"Se a gente pensar na máxima que hoje somos frutos do que a gente comeu no passado, podemos idealizar ser amanhã frutos do que a gente come hoje", frisa a especialista. Midiã explica que a obesidade deve ser tratada para o resto da vida, mas não é um problema irreversível, pois tem como se evitar, a começar pela reeducação alimentar e a mudança dos hábitos de vida.
Cirurgia
Ser obeso não é fácil, principalmente numa cidade que não está preparada para conviver com as adversidades desse grupo. Por causa do sobrepeso, geralmente são pessoas com limitações e, por isso, acabam sendo taxadas de preguiçosas.
Não podem pegar ônibus, porque não passam na roleta, mas também não conseguem andar a pé. As roupas têm de ser feitas sob medida, pois as lojas quase nunca possuem o seu tamanho. E ainda tem a questão da discriminação que sofrem por parte de boa parcela da população, recebendo apelidos.
Ney Lemos, cirurgião geral e bariátrico e coordenador da Unidade de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Hospital Geral César Cals (HGCC), esclarece que todos esses fatores afetam o psicológico da pessoa, podendo desestruturá-la e servir como desestímulo para o tratamento.
Outro agravante que eles têm de enfrentar é que a obesidade geralmente vem acompanhada de outras doenças, como diabetes, hipertensão, pedra na vesícula, colesterol e triglicerídios alterados, doenças cardiovasculares, respiratórias, de pele.
Por isso, destaca o cirurgião, é fundamental que a pessoa passe por uma reeducação alimentar e faça exercícios físicos. Contudo, em alguns casos, como o dos obesos mórbidos, o recomendado é fazer a cirurgia bariátrica - de redução do estômago.
No Ceará, em torno de 3.336 pessoas aguardam para fazer o procedimento. Na rede pública de saúde, somente duas unidades - o Hospital Geral César Cals (HGCC) e o Hospital Universitário Walter Cantídio - realizam a operação.
Desde que foi criado, em janeiro de 2002, a Unidade de Cirurgia Bariátrica do Hospital Geral César Cals realizou 520 cirurgias. Semanalmente são feitas duas, sempre nas quartas-feiras. O problema é a demora para conseguir fazer o procedimento.
No César Cals, 292 pessoas estão fazendo os exames pré-operatórios e 40 estão aptas, só esperando o dia da cirurgia. Quem já passou pelo procedimento fala do quanto a sua vida mudou. É o caso do professor Rubem Costa de Oliveira, de 56 anos, que faz parte da Associação dos Obesos e Ex-obesos do Ceará. Ele fez a cirurgia bariátrica há cinco anos. Antes, pesava 140 kg, hoje, está com 94 kg.
"Tudo mudou na minha vida, estou com a minha estima elevada. Antes, eu não tinha coragem de caminhar, hoje caminho para todo canto. Só em ter recuperado a autoestima já foi um passo muito grande, sinto até mais vontade de viver", confessa.
Oliveira afirma que a obesidade é uma doença, mas que pode ser curada, só depende de cada um. Para melhorar o seu padrão de vida, após ter feito a cirurgia bariátrica, comenta que procura seguir rigorosamente as orientações médicas. Faz caminhadas com frequência e mudou a sua forma de alimentação.
Vilões
O cirurgião bariátrico Ney Lemos também informa que existem alguns vilões que caracterizam o quadro da obesidade.
Muitas pessoas substituem a alimentação nutritiva por uma mais saborosa, no entanto, mais calórica. Os carboidratos, encontrados nas massas, possuem taxas de gordura, cujo excesso caracteriza a obesidade.
Luana LimaRepórter
Maus hábitos alimentares e a desculpa de grande parte dos adultos de que falta tempo para ter uma alimentação saudável faz com que a maior parte acabe comendo alimentos gordurosos, bastante prejudiciais à saúde. Em Fortaleza, mais da metade da população (53,7%) está com excesso de peso. É a capital do Nordeste com maior incidência de pessoas acima do peso e a segunda do País, perdendo apenas para Porto Alegre (55,4%).Na cidade, o excesso de peso é mais predominante entre os homens (58,3%) do que entre as mulheres (49,6%). É o que apontam dados divulgados ontem, pelo Ministério da Saúde, baseados em pesquisa feita pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2011). Ao todo, foram entrevistados 54 mil adultos em todas as capitais brasileiras e no Distrito Federal, entre janeiro e dezembro do ano passado.
Ainda de acordo com a pesquisa, Fortaleza é a segunda capital do Nordeste com maior índice de pessoas obesas (18,4%), atrás de Natal (18,5%). Considerando os dados nacionais, é a quarta capital do País com maior incidência de obesos, atrás de Macapá (21,4%), Porto Alegre (19,6%) e Natal (18,5%).
Midiã Bispo, especialista em Nutrição Clínica, explica que a obesidade pode ser causada por histórico familiar ou por maus hábitos alimentares dos pais, que refletem na alimentação dos filhos. Eles terão tendência a serem obesos. Somado a isso, há o estilo de vida e o sedentarismo.
"Se a gente pensar na máxima que hoje somos frutos do que a gente comeu no passado, podemos idealizar ser amanhã frutos do que a gente come hoje", frisa a especialista. Midiã explica que a obesidade deve ser tratada para o resto da vida, mas não é um problema irreversível, pois tem como se evitar, a começar pela reeducação alimentar e a mudança dos hábitos de vida.
Cirurgia
Ser obeso não é fácil, principalmente numa cidade que não está preparada para conviver com as adversidades desse grupo. Por causa do sobrepeso, geralmente são pessoas com limitações e, por isso, acabam sendo taxadas de preguiçosas.
Não podem pegar ônibus, porque não passam na roleta, mas também não conseguem andar a pé. As roupas têm de ser feitas sob medida, pois as lojas quase nunca possuem o seu tamanho. E ainda tem a questão da discriminação que sofrem por parte de boa parcela da população, recebendo apelidos.
Ney Lemos, cirurgião geral e bariátrico e coordenador da Unidade de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Hospital Geral César Cals (HGCC), esclarece que todos esses fatores afetam o psicológico da pessoa, podendo desestruturá-la e servir como desestímulo para o tratamento.
Outro agravante que eles têm de enfrentar é que a obesidade geralmente vem acompanhada de outras doenças, como diabetes, hipertensão, pedra na vesícula, colesterol e triglicerídios alterados, doenças cardiovasculares, respiratórias, de pele.
Por isso, destaca o cirurgião, é fundamental que a pessoa passe por uma reeducação alimentar e faça exercícios físicos. Contudo, em alguns casos, como o dos obesos mórbidos, o recomendado é fazer a cirurgia bariátrica - de redução do estômago.
No Ceará, em torno de 3.336 pessoas aguardam para fazer o procedimento. Na rede pública de saúde, somente duas unidades - o Hospital Geral César Cals (HGCC) e o Hospital Universitário Walter Cantídio - realizam a operação.
Desde que foi criado, em janeiro de 2002, a Unidade de Cirurgia Bariátrica do Hospital Geral César Cals realizou 520 cirurgias. Semanalmente são feitas duas, sempre nas quartas-feiras. O problema é a demora para conseguir fazer o procedimento.
No César Cals, 292 pessoas estão fazendo os exames pré-operatórios e 40 estão aptas, só esperando o dia da cirurgia. Quem já passou pelo procedimento fala do quanto a sua vida mudou. É o caso do professor Rubem Costa de Oliveira, de 56 anos, que faz parte da Associação dos Obesos e Ex-obesos do Ceará. Ele fez a cirurgia bariátrica há cinco anos. Antes, pesava 140 kg, hoje, está com 94 kg.
"Tudo mudou na minha vida, estou com a minha estima elevada. Antes, eu não tinha coragem de caminhar, hoje caminho para todo canto. Só em ter recuperado a autoestima já foi um passo muito grande, sinto até mais vontade de viver", confessa.
Oliveira afirma que a obesidade é uma doença, mas que pode ser curada, só depende de cada um. Para melhorar o seu padrão de vida, após ter feito a cirurgia bariátrica, comenta que procura seguir rigorosamente as orientações médicas. Faz caminhadas com frequência e mudou a sua forma de alimentação.
Vilões
O cirurgião bariátrico Ney Lemos também informa que existem alguns vilões que caracterizam o quadro da obesidade.
Muitas pessoas substituem a alimentação nutritiva por uma mais saborosa, no entanto, mais calórica. Os carboidratos, encontrados nas massas, possuem taxas de gordura, cujo excesso caracteriza a obesidade.
Luana LimaRepórter
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