Instituto analisa população cearense pelo gênero, cor e raça a partir das informações do Censo 2010
O Ceará é o terceiro Estado do Nordeste com melhor índice de alfabetização (81,24%), atrás apenas da Bahia (82,48%) e de Pernambuco (81,31%). No entanto, se levado em conta as 27 unidades da Federação, ele aparece no 21ª lugar. Os brancos obtiveram a melhor taxa de alfabetização (85,39%) do Estado, enquanto a raça preta obteve o menor percentual (72,20%).
O Ceará é o terceiro Estado do Nordeste com melhor índice de alfabetização (81,24%), atrás apenas da Bahia (82,48%) e de Pernambuco (81,31%). No entanto, se levado em conta as 27 unidades da Federação, ele aparece no 21ª lugar. Os brancos obtiveram a melhor taxa de alfabetização (85,39%) do Estado, enquanto a raça preta obteve o menor percentual (72,20%).
Os dados foram divulgados, ontem, pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), que elaborou um estudo a partir dos dados do Censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O trabalho analisa a população cearense em termos de educação, rendimento e situação censitária pelo gênero, cor e raça declarada.
Xênia Diógenes, professora da Universidade de Fortaleza (Unifor) e pesquisadora da área educacional, atribui a melhora na taxa de alfabetização do Ceará ao Programa de Alfabetização na Idade Certa (Paic), desenvolvido pelo Governo do Estado. A médio e longo prazo, a especialista diz que isso poderá refletir em melhora de outros índices, como a questão da evasão dos alunos do ensino fundamental e médio.
Uma das razões desse alto índice de evasão, acrescenta a professora, se deve ao fato do aluno chegar ao ensino fundamental e médio sem o conhecimento necessário. "Mesmo com todo esforço da escola, ele sente dificuldade de avançar, de aprender".
Apesar dos índices terem melhorado, a especialista chama atenção para outros aspectos da política educacional que devem melhorar, como a universaliza-ção do ensino fundamental e médio. "Temos que conseguir, de fato, que o aluno chegue até o 9º ano e permaneça na escola, e que essa seja uma educação de qualidade", frisa.
Gênero
Em relação à população alfabetizada por gênero, o Ceará é o primeiro do Nordeste em mulheres alfabetizadas (83,79), seguido da Bahia (83,57%) e do Rio Grande do Norte (83,47%). O contrassenso é que, enquanto existe uma maior incidência de mulheres alfabetizadas, elas ganham menos que os homens.
No Ceará, 9,58% dos homens com dez anos de idade ou mais possuem rendimento nominal médio mensal inferior a 1/4 de salário mínimo. Já entre as mulheres, esse percentual é de 20,21%. Flávio Ataliba, diretor geral do Ipece, comenta que isso pode ser reflexo da discriminação. "O mercado de trabalho pode ser o responsável em parte pela discriminação".
A advogada Magnólia Azevedo Said destaca que a maior incidência de mulheres alfabetizadas se deve porque a escola, dentro de uma sociedade matriarcal e machista, é lugar de mulher. "Elas são mais escolarizadas, porque são as responsáveis por cuidar da educação dos filhos, o que não significa dizer que a situação delas muda, caso contrário, não estariam, ainda hoje, na situação de subordinação".
Na visão da advogada, o machismo impede que a mulher tenha ganhos sociais e políticos por conta de serem mais escolarizadas. O ganho que ela tem é para manter o padrão de reprodutora. No futuro, Magnólia acredita que elas irão continuar na função de submissão.
O caso das mulheres que estão hoje no poder, a exemplo da presidente Dilma Rousseff, foge a essa regra. "Elas tiveram que assumir atributos do imaginário masculino, mas as grandes decisões da política pertencem ao sistema financeiro de modo geral". Educação para cidadania numa perspectiva crítica são as soluções apontadas pela especialista para a melhora dos índices.
Regiões
O estudo do Ipece mostra ainda que, no Ceará, 61,88% da população se declarou parda, enquanto 4,65% se autodenominou preta. Chama atenção que 72,2% da população branca do Brasil se concentra no Sudeste (48,6%) e no Sul (23,6%). Quanto à cor preta, os maiores percentuais pertencem as regiões Sudeste (43,8%) e Nordeste (34,8%).
A pesquisa informa ainda que 89,08% da população brasileira com cinco anos de idade ou mais são alfabetizadas. Os brancos possuem maior percentual (92,82%), seguido dos amarelos (90,04%), pardos (85,78%), pretos (85%) e indígenas (73,73%). Avaliando todas as regiões brasileiras, o Nordeste possui a menor taxa de alfabetização (80,18%), atrás do Norte (85,58%), Centro-Oeste (91,62%), Sudeste (93,47%) e Sul (93,80%), que lidera o ranking.
LUANA LIMAREPÓRTER
Xênia Diógenes, professora da Universidade de Fortaleza (Unifor) e pesquisadora da área educacional, atribui a melhora na taxa de alfabetização do Ceará ao Programa de Alfabetização na Idade Certa (Paic), desenvolvido pelo Governo do Estado. A médio e longo prazo, a especialista diz que isso poderá refletir em melhora de outros índices, como a questão da evasão dos alunos do ensino fundamental e médio.
Uma das razões desse alto índice de evasão, acrescenta a professora, se deve ao fato do aluno chegar ao ensino fundamental e médio sem o conhecimento necessário. "Mesmo com todo esforço da escola, ele sente dificuldade de avançar, de aprender".
Apesar dos índices terem melhorado, a especialista chama atenção para outros aspectos da política educacional que devem melhorar, como a universaliza-ção do ensino fundamental e médio. "Temos que conseguir, de fato, que o aluno chegue até o 9º ano e permaneça na escola, e que essa seja uma educação de qualidade", frisa.
Gênero
Em relação à população alfabetizada por gênero, o Ceará é o primeiro do Nordeste em mulheres alfabetizadas (83,79), seguido da Bahia (83,57%) e do Rio Grande do Norte (83,47%). O contrassenso é que, enquanto existe uma maior incidência de mulheres alfabetizadas, elas ganham menos que os homens.
No Ceará, 9,58% dos homens com dez anos de idade ou mais possuem rendimento nominal médio mensal inferior a 1/4 de salário mínimo. Já entre as mulheres, esse percentual é de 20,21%. Flávio Ataliba, diretor geral do Ipece, comenta que isso pode ser reflexo da discriminação. "O mercado de trabalho pode ser o responsável em parte pela discriminação".
A advogada Magnólia Azevedo Said destaca que a maior incidência de mulheres alfabetizadas se deve porque a escola, dentro de uma sociedade matriarcal e machista, é lugar de mulher. "Elas são mais escolarizadas, porque são as responsáveis por cuidar da educação dos filhos, o que não significa dizer que a situação delas muda, caso contrário, não estariam, ainda hoje, na situação de subordinação".
Na visão da advogada, o machismo impede que a mulher tenha ganhos sociais e políticos por conta de serem mais escolarizadas. O ganho que ela tem é para manter o padrão de reprodutora. No futuro, Magnólia acredita que elas irão continuar na função de submissão.
O caso das mulheres que estão hoje no poder, a exemplo da presidente Dilma Rousseff, foge a essa regra. "Elas tiveram que assumir atributos do imaginário masculino, mas as grandes decisões da política pertencem ao sistema financeiro de modo geral". Educação para cidadania numa perspectiva crítica são as soluções apontadas pela especialista para a melhora dos índices.
Regiões
O estudo do Ipece mostra ainda que, no Ceará, 61,88% da população se declarou parda, enquanto 4,65% se autodenominou preta. Chama atenção que 72,2% da população branca do Brasil se concentra no Sudeste (48,6%) e no Sul (23,6%). Quanto à cor preta, os maiores percentuais pertencem as regiões Sudeste (43,8%) e Nordeste (34,8%).
A pesquisa informa ainda que 89,08% da população brasileira com cinco anos de idade ou mais são alfabetizadas. Os brancos possuem maior percentual (92,82%), seguido dos amarelos (90,04%), pardos (85,78%), pretos (85%) e indígenas (73,73%). Avaliando todas as regiões brasileiras, o Nordeste possui a menor taxa de alfabetização (80,18%), atrás do Norte (85,58%), Centro-Oeste (91,62%), Sudeste (93,47%) e Sul (93,80%), que lidera o ranking.
LUANA LIMAREPÓRTER
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