FOTO: RAFA ELEUTÉRIO Para os pais, o equipamento pode dispersar ainda mais a atenção das crianças e adolescentes durante as aulas. Antes, a preocupação era só o celular |
Os pais estão ansiosos com o uso das novas ferramentas nas salas de aula, temem maior dispersão dos alunos
Imagens que prometem "pular" das telas dos computadores, aulas mais dinâmicas e modernas. Tudo isso, é claro, com o auxílio da internet que promete estar disponível 24 horas para o total usufruto dos estudantes nas salas de aula. Temendo um mau uso das redes sociais, por exemplo, e uma certa liberalização do tempo de navegação, pais e educadores ficam alertas sobre de quem será a responsabilidade sobre quais conteúdos podem ou não ser acessados nas escolas.
Imagens que prometem "pular" das telas dos computadores, aulas mais dinâmicas e modernas. Tudo isso, é claro, com o auxílio da internet que promete estar disponível 24 horas para o total usufruto dos estudantes nas salas de aula. Temendo um mau uso das redes sociais, por exemplo, e uma certa liberalização do tempo de navegação, pais e educadores ficam alertas sobre de quem será a responsabilidade sobre quais conteúdos podem ou não ser acessados nas escolas.
Nas grandes instituições de ensino particular de Fortaleza, a novidade tem gerado uma certa polêmica. Apesar dos tablets, como iPads, ainda serem instrumentos opcionais, alguns reclamam da pressão recebida pelos diretores para a compra do utensílio e da obrigatoriedade de assinatura de um termo de compromisso no ato da matrícula, assumindo a total responsabilidade sobre os conteúdos acessados pelos filhos durante as aulas.
Receios
A técnica de enfermagem, Cinthia Marques, 36, mãe da estudante Julia Mariana, 15, sentiu-se forçada a adquirir o novo ´brinquedo´ da moda. Um tablet que desorganizou um pouco o orçamento familiar. "Os meninos que não chegarem na escola com o computador vão se sentir excluídos e podem até ser motivos de chacota. Um absurdo. A escola deveria oferecer o computador gratuitamente para todos poderem experimentar", diz.
A mãe afirma ainda que a direção da instituição apresentou documento explicando que é de total responsabilidade dos alunos o cuidado com o furto do equipamento, que custa em média R$ 1,6 mil, entre os mais baratos.
O pai da garota, o administrador, Glauber Soares, 38, ainda teme que essas novas tecnologias, se usadas sem as devidas recomendações, possam até servir como mais um meio de desviar a já pouca concentração dos alunos com os saberes expostos.
"Se com um simples celular, cheio de músicas e dispositivos de mensagens, a meninada já tem dificuldade em prestar atenção na aula, imagina com internet disponível e outras maravilhas tecnológicas?", questiona.
O administrador reclama do tipo de escrita informal usada nas redes e os temidos vícios gramaticais do "internetês". Ele espera ainda que os educadores saibam usar as ferramentas para além do entretenimento. "Eu sei que estão usando muito os tablets para fazer propaganda, mas pouco explicaram como será isso no cotidiano", frisa.
Em meio a tantas preocupações, o gestor de tecnologia de uma das escolas pioneiras, Andrey Lima, pondera, informando que esse ano ainda será de adaptações. "Garantimos que tudo será seguro. O aluno não vai poder acessar a internet durante o horário das aulas, só nos intervalos e com fiscalização nossa. Usaremos filtros para proibir visita de sites inadequados", frisa.
Lima comenta ainda que os pais estão, sim, sendo obrigados a assinar um termo de controle de uso. "A responsabilidade também é nossa e do aluno. Teremos punições para quem descumprir as regras existentes", finaliza.
Falta a discussão mais aprofundada
Se nos outdoors a notícia das novas tecnologias chama a atenção de quem passa, no cotidiano das salas de aula, a presença dos tablets e as consequências disso ainda precisam ser melhor discutidas, afirma o vice-diretor do Instituto UFC Virtual e o professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), José Aires.
Para ele, a questão não é só ser contra ou a favor, mas sim ponderar a forma de utilização e a preparação de alunos e professores para isso. "Estão colocando os computadores sem ter muita ideia dos impactos na educação escolar. Para a juventude, a internet, por exemplo, ainda é vista só como lazer, pura diversão. Não dá para mudar de uma hora para outra, só mudando o computador, do quarto para a sala de aula", frisa.
Uma outra preocupação de Aires é com o desvio da atenção dos estudantes que podem querer burlar as leis, entrar em sites proibidos e ficar vendo notícias paralelas. "Um único professor conseguirá controlar, com rigor, 40 alunos de uma vez só?", questiona o especialista da UFC. É preciso, na opinião de José Aires, antes de apresentar a novidade, mudar a cultura da web, ensinar a usufruir melhor a rede.
Diretrizes
Um outro agravante se apresenta: a falta de diretrizes curriculares e de legislações sobre o assunto. O próprio Ministério da Educação (MEC) confirmou a inexistência de leis e métodos formais para uso da internet nas escolas.
Há anos, o tema foi motivo até de projeto de lei que obrigava registros nas lan houses a fim de se evitar crimes virtuais. Nos espaços educacionais, entretanto, a questão segue frouxa, pondera o articulador de aperfeiçoamento pedagógico da coordenadoria de desenvolvimento da aprendizagem da Secretaria de Educação do Estado do Ceará (Seduc), Alisson Oliveira.
"Existe hoje um grande hiato que espero que seja preenchido logo, antes que as escolas percam as rédeas dos processos e meninos e meninas estejam envolvidos em crimes ou caiam em armadilhas virtuais", afirma.
Para Oliveira, o grande desafio, atualmente, nas redes públicas ainda é a universalização da informática e da internet.
"Estamos ainda implantando um projeto piloto na Escola do Estado do Paraná, dentro da ação Um computador por aluno, que irá causar uma revolução nessa cidade", ressalta.
Preparação
O diretor de uma das escolas pioneiras na utilização das lousas digitais, Davi Rocha, tranquiliza os pais, informando que todos os professores estão sendo bem capacitados e que a inserção das novas tecnologias será feita com cuidado e visando sim a melhoria da aprendizagem geral. "Será um ano de transição e de muitas novidades na escola. Entretanto, o livro de papel continuará a ter o seu espaço", diz.
IVNA GIRÃOREPÓRTER
Receios
A técnica de enfermagem, Cinthia Marques, 36, mãe da estudante Julia Mariana, 15, sentiu-se forçada a adquirir o novo ´brinquedo´ da moda. Um tablet que desorganizou um pouco o orçamento familiar. "Os meninos que não chegarem na escola com o computador vão se sentir excluídos e podem até ser motivos de chacota. Um absurdo. A escola deveria oferecer o computador gratuitamente para todos poderem experimentar", diz.
A mãe afirma ainda que a direção da instituição apresentou documento explicando que é de total responsabilidade dos alunos o cuidado com o furto do equipamento, que custa em média R$ 1,6 mil, entre os mais baratos.
O pai da garota, o administrador, Glauber Soares, 38, ainda teme que essas novas tecnologias, se usadas sem as devidas recomendações, possam até servir como mais um meio de desviar a já pouca concentração dos alunos com os saberes expostos.
"Se com um simples celular, cheio de músicas e dispositivos de mensagens, a meninada já tem dificuldade em prestar atenção na aula, imagina com internet disponível e outras maravilhas tecnológicas?", questiona.
O administrador reclama do tipo de escrita informal usada nas redes e os temidos vícios gramaticais do "internetês". Ele espera ainda que os educadores saibam usar as ferramentas para além do entretenimento. "Eu sei que estão usando muito os tablets para fazer propaganda, mas pouco explicaram como será isso no cotidiano", frisa.
Em meio a tantas preocupações, o gestor de tecnologia de uma das escolas pioneiras, Andrey Lima, pondera, informando que esse ano ainda será de adaptações. "Garantimos que tudo será seguro. O aluno não vai poder acessar a internet durante o horário das aulas, só nos intervalos e com fiscalização nossa. Usaremos filtros para proibir visita de sites inadequados", frisa.
Lima comenta ainda que os pais estão, sim, sendo obrigados a assinar um termo de controle de uso. "A responsabilidade também é nossa e do aluno. Teremos punições para quem descumprir as regras existentes", finaliza.
Falta a discussão mais aprofundada
Se nos outdoors a notícia das novas tecnologias chama a atenção de quem passa, no cotidiano das salas de aula, a presença dos tablets e as consequências disso ainda precisam ser melhor discutidas, afirma o vice-diretor do Instituto UFC Virtual e o professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), José Aires.
Para ele, a questão não é só ser contra ou a favor, mas sim ponderar a forma de utilização e a preparação de alunos e professores para isso. "Estão colocando os computadores sem ter muita ideia dos impactos na educação escolar. Para a juventude, a internet, por exemplo, ainda é vista só como lazer, pura diversão. Não dá para mudar de uma hora para outra, só mudando o computador, do quarto para a sala de aula", frisa.
Uma outra preocupação de Aires é com o desvio da atenção dos estudantes que podem querer burlar as leis, entrar em sites proibidos e ficar vendo notícias paralelas. "Um único professor conseguirá controlar, com rigor, 40 alunos de uma vez só?", questiona o especialista da UFC. É preciso, na opinião de José Aires, antes de apresentar a novidade, mudar a cultura da web, ensinar a usufruir melhor a rede.
Diretrizes
Um outro agravante se apresenta: a falta de diretrizes curriculares e de legislações sobre o assunto. O próprio Ministério da Educação (MEC) confirmou a inexistência de leis e métodos formais para uso da internet nas escolas.
Há anos, o tema foi motivo até de projeto de lei que obrigava registros nas lan houses a fim de se evitar crimes virtuais. Nos espaços educacionais, entretanto, a questão segue frouxa, pondera o articulador de aperfeiçoamento pedagógico da coordenadoria de desenvolvimento da aprendizagem da Secretaria de Educação do Estado do Ceará (Seduc), Alisson Oliveira.
"Existe hoje um grande hiato que espero que seja preenchido logo, antes que as escolas percam as rédeas dos processos e meninos e meninas estejam envolvidos em crimes ou caiam em armadilhas virtuais", afirma.
Para Oliveira, o grande desafio, atualmente, nas redes públicas ainda é a universalização da informática e da internet.
"Estamos ainda implantando um projeto piloto na Escola do Estado do Paraná, dentro da ação Um computador por aluno, que irá causar uma revolução nessa cidade", ressalta.
Preparação
O diretor de uma das escolas pioneiras na utilização das lousas digitais, Davi Rocha, tranquiliza os pais, informando que todos os professores estão sendo bem capacitados e que a inserção das novas tecnologias será feita com cuidado e visando sim a melhoria da aprendizagem geral. "Será um ano de transição e de muitas novidades na escola. Entretanto, o livro de papel continuará a ter o seu espaço", diz.
IVNA GIRÃOREPÓRTER
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