quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Novo filme sobre Padre Cícero inicia gravação em Juazeiro

Padre Antônio Bogaz (ao centro) é o diretor do Sangue no Sertão, que conta com a atuação de artistas profissionais, mas também da própria população de Juazeiro do Norte. O filme está programado para ser exibido em julho
Padre Antônio Bogaz (ao centro) é o diretor do Sangue no Sertão, que conta com a atuação de artistas profissionais, mas também da própria população de Juazeiro do Norte. O filme está programado para ser exibido em julho

O Padre Cícero Romão Batista já inspirou algumas produções artísticas. Agora, um padre católico é o diretor
Juazeiro do Norte O Padre Cícero nas telas de cinema. Dessa vez, um grupo paulista se encontra na cidade para as filmagens do longa-metragem "Sangue no Sertão". A equipe está há um ano trabalhando o roteiro, e agora, junto com personagens escolhidos na própria cidade, realizam a captação de imagens. O objetivo é lançar o filme, que terá cerca de 1h50 de duração, no dia 20 de julho deste ano, data do aniversário de morte do sacerdote. O filme é dirigido pelo cineasta, padre Antônio Sagrado Bogaz, com parceria da Inspetoria Salesiana.
As locações estão sendo realizadas em diversos espaços por onde passou o Padre Cícero, desde a Basílica de Nossa Senhora das Dores, onde ele celebrou missas, até o Horto, onde ficava para momentos de meditação. Imagens também foram feitas no Santo Sepulcro, a 2 quilômetros do casarão centenário do Horto.

Lampião
O personagem do Padre Cícero adulto está sendo feito pelo ator de teatro Quinco Pelegrino, da região do Cariri. Cenas de encontros marcantes também foram registradas, a exemplo da chegada de Virgulino Ferreira, o Lampião, homem temido do sertões nordestinos, com o Padre Cícero. Ele buscou no Padre o conselho e a bênção. A cena foi realizada no largo do Memorial Padre Cícero. Acervo com objetos pessoais, boa parte no Memorial, também foram usados nas locações.

Cenas da vida do Padre Cícero e o encontro com a sua vocação estão sendo representadas. O filme tem como principal foco a vocação religiosa do sacerdote, deixando à parte os posicionamentos críticos em relação à sua personalidade. Tanto que cenas desde a sua infância são registradas, a exemplo de um encontro do Padre Cícero com o líder político José Marrocos ainda na infância, em sala de aula.

O dia 20 de cada mês é um momento de encontro do romeiro com as orações voltadas para o "Padim". No último dia 20, milhares de pessoas compareceram à primeira missa do ano em Juazeiro. Foi ideal para a produção do filme aproveitar o momento de passagem dos fiéis para fazer as cenas do sepultamento do sacerdote, que faleceu em 20 de março de 1934.

Segundo um dos roteiristas, o professor universitário João Henrique Hansen, a oportunidade foi muito bem aproveitada com os romeiros do Padre Cícero, trazendo um tom realístico à cena, que há quase 78 anos reuniu milhares de romeiros de todo o Nordeste, e autoridades de todo o Brasil para despedida de um dos maiores fenômenos da religiosidade brasileira.

Milagre
Cenas com a personagem da beata Maria de Araújo também foram feitas, na qual protagonizou o milagre do sangramento da hóstia ofertada pelo Padre Cícero, e amplamente divulgada no Nordeste. Segundo Hansen, foram horas de filmagens, para escolher a cena ideal. O trabalho, segundo ele, envolve recursos dos próprios participantes, que decidiram contribuir para realizar esse registro, por meio do padre Bogaz, que também atua como principal roteirista e já realizou cinco filmes e é artista plástico, além de escritor e doutor em Antropologia. Ele pertence à ordem religiosa dos Orionitas.

Hansen afirma que Bogaz ficou impressionado com o romeiro, visto de forma diferenciada juntamente com a figura do Padre Cícero. As séries apresentadas tiveram vertentes políticas e abordaram o assunto de forma tensa e política, conforme o professor. "Vemos o Padre Cícero de uma forma mais humana e partimos daí para a construção do roteiro do filme", explica.

"Sangue no Sertão" está sendo feito em caráter comunitário, ou seja, com a participação de diversos colaboradores, como descreve João Hansen, já que o cineasta busca a presença de Deus como personagem principal do filme e dos conhecedores da vida do protagonista.

"É importante que a própria comunidade se veja num trabalho em favor da fé", diz ele. O próprio Hansen entra no filme como José Marrocos. Ele fez um trabalho de pesquisa junto com Bogaz. Com apoio do padre José Venturelli, irmã Annte Dumoullin, o roteiro da história foi construído.

Mais informações:
Secretaria de Turismo e Romarias

Juazeiro do Norte (CE)

Região do Cariri

Telefone (88) 3511.4040

ELIZÂNGELA SANTOSREPÓRTER

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