terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Gravidez de gêmeos aumenta em Fortaleza

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KIKO SILVA
Os trigêmeos Davi, Danilo e Belize, um ano e dois meses, nasceram após Éricka passar por três tentativas de tratamento. Cada etapa médica pode custar cerca de R$ 12 mil
Nos últimos três anos, a variação referente à gestação de dois ou mais bebês foi de 7,6%, apenas na Capital
Há alguns anos, ter uma gestação de gêmeos, trigêmeos ou mais era algo raro. Na verdade, ainda hoje, engravidar espontaneamente de duas ou mais crianças ainda é pouco comum. Segundo especialistas na área, a probabilidade de uma mulher engravidar naturalmente de dois bebês de uma só vez é de uma para cada 80 gestações.
Porém, com a popularização do uso de métodos de reprodução assistida, esse cenário vem mudando. Os dados do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (Sinasc) apontam um crescimento significativo desses partos em Fortaleza. Nos últimos três anos, a variação foi de 7,6%. Se em 2009 a Capital possuía 644 nascidos de gravidez dupla, em 2011 esse número foi de 693.

Para exemplificar melhor, dos 37.212 nascidos vivos, em 2009, exatos 1,7% eram de partos duplos. Já no ano passado, essa parcela subiu para 2,04% de uma população de 33.909 recém-nascidos.

Os dados da Pesquisa do Registro Civil 2010, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também confirmam este crescimento. O estudo revela que, nos últimos sete anos, os partos de três ou mais crianças aumentaram 53%.

Em 2003, eram 32 os bebês oriundos destas gestações, já em 2010, foram 49. O especialista em fertilização e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcelo Rocha, explica que esse é um fenômeno das grandes metrópoles, onde é maior o acesso a esses tratamentos de alta complexidade, que podem variar de R$ 10 mil a R$ 12 mil.

"Uma a cada cinco mulheres que engravida por meio de tratamento dá à luz a mais de um neném. Porque, para aumentar as chances de gravidez, os médicos estimulam o organismo da paciente com hormônios, ocorrendo uma ovulação maior ou implantando vários embriões de uma vez", ressalta.

Porém, o especialista comenta que o Conselho Federal de Medicina limitou o número de embriões que as pacientes podem receber a cada tentativa. Para mulheres de até 35 anos, são no máximo dois. Para as de 36 a 39, três. E para as de 40 em diante, quatro.

Marcelo Rocha atenta que a gravidez múltipla pode trazer muitas sequelas para os bebês, como prematuridade extrema, infecções, sem falar nos altos custos com UTI neonatal.

A dentista Éricka Fortuna de Oliveira Gomes, 32, é mãe dos trigêmeos Davi, Danilo e Belize, de um ano e dois meses. Ela conta que passou por três tentativas antes de conseguir engravidar e explica que os tratamentos têm um pesado ônus emocional. "É fundamental o apoio psicológico antes do tratamento de fertilização in vitro, pois estamos tomando uma decisão importante: a decisão de ter filhos", analisa.

Ela comenta que é fundamental estar forte psicologicamente para dar início a um tratamento bastante desgastante emocionalmente, além de caro. "Nem sempre é possível engravidar na primeira tentativa. Muitas vezes são várias as investidas até ter o tão sonhado resultado".

Éricka destaca que um dos momentos mais difíceis foi o período em que os filhos passaram na UTI neonatal. "Ficava bastante assustada com a possibilidade de eles terem alguma sequela, então, nesse período, era uma tensão constante, até eles receberem alta. Para mim, foi muito sofrido, pois sabia que estavam correndo risco devido à prematuridade", declara.

Por contas dessas possíveis etapas, a dentista aconselha as futuras mamães que optarem por ter trigêmeos ou mais filhos a conversar com quem passou pela mesma experiência. "Trocar ideias, ler algum livro que fale sobre o assunto antes de iniciar o tratamento é um ótimo passo".

Éricka Fortuna comenta que "agora que deu tudo certo posso dizer que é delicioso e prazeroso ter filhos trigêmeos. A casa fica completamente repleta de alegria".

THAYS LAVORREPÓRTER

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