Família cearense que vive em um barco já visitou 28 países

IGOR DE MELO

A família conta que já se aventurou muito - presenciou um tornado, escalou um vulcão em atividade e participou de rituais em tribos pouco conhecidas

No barco Casulo, o casal João Carlos, 54, e Solange Lima, 41, já viveram muitas histórias – daquelas que servem de lição para sempre. Eles abandonaram a “vida convencional” para experimentar uma grande aventura. Ela era professora universitária; ele, engenheiro e empresário. Hoje comandam um barco mundo afora.

João e Solange se conheceram há mais de dez anos. Tinham carreiras bem-sucedidas, mas abandonaram tudo e resolveram viajar. Primeiro, percorreram a América Latina de carro em uma viagem que durou seis meses; depois, foram morar em um país com uma “cultura não consumista”, a Nova Zelândia. Lá, passaram a cultivar um sonho em comum : viver a velejar.

Nem mesmo a chegada das duas filhas Luana, 11, e Marina, 10, foi empecilho. Elas embarcaram junto nessa jornada, uma com 6 anos e a outra com 5, na época. O casal fez um curso de três anos para navegar. Primeiro, compraram um bote; depois, um barco a vela. Venderam o apartamento e compraram um barco completo, que hoje é a casa da família.

Hospedados no apartamento da mãe de João Carlos, em Fortaleza, o casal mostra empolgado as muitas fotos e vídeos. Para cada um dos arquivos, uma nova história. Ele já nadou com tubarões martelo, filmou uma baleia a 30 metros de distância e pescou um peixe de mais de dois metros. As crianças já nadaram com golfinhos, tartarugas, arraias. A família já presenciou um tornado, escalou um vulcão em atividade, participou de rituais em tribos pouco conhecidas, teve o barco seguido por sete baleias e já hospedou um leão marinho durante um tempo.

Luxo? A família, que não tem carro, cumpre das atividades domésticas mais simples, como lavar roupas, cozinhar, arrumar a casa, às orientações mais complexas da navegação. Quando chegam em um litoral, nada de requintes. “Nós temos bicicletas e resolvemos tudo”, diz Solange. O dinheiro para se manter vem do investimento em imóveis, com os aluguéis.

São muitos litorais mundo afora e um aprendizado incrível. “Essa vida é cheia de contrastes. Entre Grécia e Turquia, há um abismo cultural”, conta Solange. João tem dois filhos do primeiro casamento, Ivan e Livia, que moram na Nova Zelândia e, de vez em quando, viajam com eles.

Longe do estresse da vida urbana, a família vive com plenitude aquilo com que sempre sonhou. Eles planejam escrever um livro e comprar uma casa na Austrália para viver seis meses em terra firme e seis meses dentro d’água, mas sempre livres para voar.

Como

ENTENDA A NOTÍCIA

Um casal cearense resolveu mudar de vida. Fizeram investimentos em imóveis, abandonaram as profissões e vivem em um barco com as filhas, velejando pelo mundo. Eles já passaram 13 dias seguidos em mar aberto.

Serviço

Para conhecer mais sobre os momentos de felicidade, das angústias e das aventuras que a família nômade vive a bordo, acesse o site: www.casuloonline.com

Saiba mais

Educação a bordo

As meninas, criadas no meio do mar, não têm escola fixa. Os colegas são as crianças que conhecem nas viagens; os professores são os pais. Elas fazem parte de um programa da Nova Zelândia que se chama “Educação a Bordo”. Recebem módulos pela internet a cada três meses e Solange ensina as tarefas.

“Em cada lugar que a gente vai, as crianças fazem uma imersão. Elas estavam estudando mitologia grega e visitamos esses lugares”, conta a mãe, mostrando nas fotos os templos que conheceram na Grécia. “Elas tinham tantos livros que não cabia mais no barco. Hoje cada uma tem seu kindle”, lembra.

Sustentabilidade

Na casa, que possui painéis solares e dessalinizador de água, o lixo reciclável é separado do lixo orgânico. “Temos consciência com o ambiente”, diz a comandante Solange.

Danilo Castrocotidiano@opovo.com.br