segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Bento XVI pede que a 'voz dos que não têm voz' seja ouvida


Papa Bento XVI abençoa os fiéis da sacada da Basílica de São Pedro, no Vaticano. (AFP)
Papa Bento XVI abençoa os fiéis da sacada da Basílica de São Pedro, no Vaticano. (AFP)

CIDADE DO VATICANO, 25 dez 2011 (AFP) - O Papa Bento XVI fez um chamado vibrante para que se escute a "voz dos que não tem voz" em sua mensagem de Natal "Urbi et Orbi" (para a cidade e para o mundo), proferida no Vaticano neste domingo, em um dia marcado por atentados mortais contra igrejas cristãs na Nigéria.
O Papa pediu, além disso, o fim da violência na Síria, "onde já se derramou tanto sangue" e solidariedade com os povos do Chifre da África.

O pontífice não se referiu à Nigéria, mas, pouco depois de terminar sua mensagem, o porta-voz da Santa Sé, Frederico Lombardi, considerou que o mais mortal desses atentados, que deixou 27 mortos, reivindicados por islamitas do Boko Haram, "precisamente no dia de Natal (...) busca suscitar e alimentar mais ainda o ódio e a confusão".

O aumento das tensões interreligiosas na Nigéria, sexto país do mundo em número de cristãos, inquieta o Vaticano.

Em novembro passado, durante sua visita a Benin, o papa Bento XVI insistiu na tradição tolerante do Islã na África e na coexistência pacífica entre muçulmanos e cristãos.

O Vaticano afirmou estar muito preocupado por possíveis atos de violência de islamistas contra cristãos que vivem em países do mundo onde são minoritários, como o Egito e o Iraque. E que a minoria cristã síria teme pelo seu futuro.

Alguns católicos desses países indicaram ter evitado comemorar o Natal em igrejas à noite, já que temiam possíveis atentados, enfatizou a Santa Sé.

Durante a mensagem do Papa, milhares de pessoas o aclamaram aos gritos de "viva o Papa" e "Benedetto" (Bento, em italiano). O pontífice, de 84 anos, pronunciou sua mensagem de uma sacada que dá para a Praça São Pedro, no Vaticano.

"Nos dirijamos neste Natal de 2011 ao menino de Belém, ao filho da Virgem Maria e digamos: venha nos salvar. Nós O chamamos, unidos espiritualmente com tantas pessoas que vivem situações difíceis e nos fazendo a voz dos que não têm voz", disse.
"Invoquemos a ajuda divina para as populações do Chifre da África, que sofrem com a fome, frequentemente agravada por uma situação persistente de insegurança".

"Que a comunidade internacional não prive de ajuda os muitos refugiados procedentes desta região, duramente postos à prova em sua dignidade", afirmou.

O pontífice rogou a Deus "que dê um renovado vigor à construção do bem comum em todos os setores da sociedade nos países do Norte da África e Oriente Médio".

"Que o nascimento do Redentor garanta estabilidade política nos países da região africana dos Grandes Lagos e fortaleça o compromisso dos habitantes de Sudão do Sul para proteger os direitos de todos os cidadãos", acrescentou.

O pontífice também pediu, neste domingo, a "todos os setores da sociedade nos países" árabes, envolvidos em mudanças sociais e políticas, a participar na "construção do bem comum".

Que "Ele que é o Príncipe da Paz, conceda a paz e a estabilidade à Terra na qual decidiu vir ao mundo, incentivando a retomada do diálogo entre israelenses e palestinos. Que faça cessar a violência na Síria, onde já se derramou tanto sangue. Que favoreça a plena reconciliação e a estabilidade em Iraque e Afeganistão", disse o Papa.

Bento XVI não falou da América Latina, região do mundo que conta com o maior número de católicos. Mas se referiu à Ásia. "Que o nascimento do salvador consolide as perspectivas de diálogo e a colaboração", em Mianmar, disse.

"Que o senhor conceda consolo à população do sudeste asiático, especialmente à Tailândia e às Filipinas, que se encontra em grave situação de dificuldade por causa das recentes inundações", acrescentou.

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