quinta-feira, 27 de outubro de 2011

79% das rodovias no CE estão em má qualidade

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Entre as regiões do País, o Nordeste ocupa a terceira posição quanto à qualidade das rodovias. Sudeste e Sul lideram
Fortaleza. Pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), em todo o País, revela que 79% dos 3.269 quilômetros de estradas federal e estadual no Ceará estão em má qualidade. O resultado foi divulgado ontem. São 2.584 quilômetros de rodovias no Estado classificados entre regular, ruim e péssima.
A pesquisa avaliou as condições das rodovias de todos os Estados brasileiros, levando em conta aspectos de administração pública ou privada, sinalização, pavimentação, além de outros itens de infraestrutura.

No caso do Ceará, a pesquisa mostrou que uma estrada federal, a BR-403, na Região dos Inhamuns, e a CE-138, no extremo Leste do Estado, foram consideradas péssimas.

São tidas como ruins, outros trechos da BR-403 (na Zona Norte e nos Inhamuns), e das BRs 404 (nos Inhamuns), a 122 e 230 (no Sul). Já as CEs em situação ruins foram apontadas a 292, 386 (no Sul) e a 060 (no Norte do Estado). Ao todo, somam 1.332 quilômetros em situação regular; 977 quilômetros ruins; e 275 quilômetros em péssima situação.

No tocante à pavimentação, são 1.413 quilômetros regulares, 637Km ruins e 200Km péssimos. No aspecto de sinalização, a pesquisa aponta 930Km em situação regular, 833Km ruins e 633Km em péssimo estado.

Para o coordenador do Núcleo de Comunicação Social da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Márcio Moura, a pesquisa é reveladora das distorções regionais. Enquanto os Estados do Sul, que privatizaram suas rodovias, apresentam mais de 40% em boa avaliação, esse número não ultrapassa 5% na região do Nordeste, onde todas as estradas são administradas pelo serviço público.

No entanto, ele observa que, ao mesmo tempo em que os proprietários de empresas de transporte reclamam da qualidade das rodovias federais, essas são as principais responsáveis pela precarização da pavimentação. Ele disse que o excesso de carga tem sido um fator preponderante para reduzir a vida do útil do asfalto. Ou seja, uma pavimentação que deveria durar cinco anos, hoje gira em torno de dois anos.

"Temos feito constantes operações para averiguar cargas acima do peso dos caminhões e, ao longo de 2011, já foram registrados mais de 600 veículos com peso acima da carga permitida. Somente com a Operação Carga Pesada, desencadeada em setembro passado, foram apreendidos mais de 200 toneladas de produtos transportados acima do peso permitido", disse ele.

Recuperação
Enquanto isso, o diretor de Planejamento do Departamento Estadual de Rodovias (DER), Joaquim Percílio, considerou a pesquisa desatualizada. Ele disse que os itens apontados como ruins e péssimos já foram objeto de recuperação e das atividades de tapa buraco. Citou como exemplo a CE-060, que foi totalmente recuperada no trecho compreendido entre Aracoiaba e Quixadá, e a CE-292, que liga os Municípios de Juazeiro e Barbalha até a BR-116.

Joaquim Percílio disse que a precarização das rodovias estaduais decorreram da erosão provocada pelas chuvas que foram intensas este ano, mas também porque alguns trechos funcionaram como "rota de fuga" para BR-222. Ou seja, os motoristas, para evitar os buracos, recorriam as CE-257, que liga Santa Quitéria a Canindé, ou 085 (também conhecida como Sol Poente), ligando Itapipoca a Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza.

Nacional
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Mais da metade das rodovias brasileiras pode ser considerada de qualidade ruim, péssima ou regular. A 15ª Pesquisa CNT de Rodovias 2011 constatou que 12,6% da malha são consideradas ótimas; 30%, boas; 30,5%, regulares; 18,1%, ruins; e 8,8% estão em péssimas condições. Isto equivale a 57% em má qualidade.

Nesta edição do levantamento, 92.747Km foram avaliados, o que representa 100% da malha federal pavimentada, as principais rodovias estaduais pavimentadas e as concessionadas. São 1.802Km a mais do que o analisado na pesquisa realizada anteriormente.

O objetivo do estudo, realizado pela CNT e pelo Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest Senat), é avaliar as condições das rodovias brasileiras pavimentadas segundo aspectos perceptíveis aos usuários, identificando as condições das vias - em relação ao pavimento, à sinalização e à geometria da via - que afetam o conforto e a segurança.

Para fazer a análise, 17 equipes da CNT percorreram o Brasil durante 39 dias, entre 27 de junho e 4 de agosto deste ano. Os resultados são apresentados por tipo de gestão (pública ou concedida), por tipo de rodovia (federais ou estaduais), por região e por unidade da Federação brasileira.

Regiões
Como nos anos anteriores, a pesquisa da Confederação Nacional do Transporte aponta que o Sudeste do País é a região que apresenta as melhores condições de rodovias. Do total de 26.778Km avaliados, 24,6% são classificados como em ótimo estado; 30,7% como bom; 28,2%, regular; 13,2%, ruim e 3,3%, péssimo.

Logo em seguida, aparece a Região Sul, com 19,7% do total de 16.199Km analisados como em ótimo estado; 40,7% em bom estado; 26,3% classificadas como regulares; 10,7% como ruins e, ainda, 2,6% como péssimas.

O Nordeste, por sua vez, com 25.820Km estudados, possui 3,8% das estradas ótimas; 33%, boas; 32,8%, regulares; 17,7%, ruins e 12,7%, péssimas.

Dos 14.151Km de rodovias avaliados no Centro-Oeste, 6,4% estão em ótimas condições; 22,7% em bom estado; 35%, regulares; 26,7%, ruins; e 9,1% em péssimo estado.

O Norte, por sua vez, com 9.799 km analisados, conta com apenas 0,8% das estradas avaliadas como ótimas; 12,7% como boas; 31,4% como regulares; 31,8% como ruins e 23,2% como péssimas.

Pavimento
Em relação à qualidade de pavimentação, os resultados da Pesquisa CNT de Rodovias 2011 mostram que 46,6% das estradas apresentam pavimento ótimo; 5,5%, pavimento bom; 33,9%, regular; 11,2%, ruim; e 2,8%, péssimo. Nesse quesito são observados itens como se o pavimento está perfeito, com buracos e se obriga redução da velocidade.

De acordo com o estudo, o pavimento das rodovias, em geral, apresenta defeitos que acabam prejudicando a atividade de transporte de cargas e de passageiros no país.

Sinalização
Sobre os aspectos de sinalização, são conferidas as condições das faixas, visibilidade e legibilidade de placas. Da malha analisada, 16,6% tiveram sua sinalização classificada como de ótimo estado; 26,5% como bom; 28,7%, regular; 14,3%, ruim e 13,9%, péssimo.

A variável geometria da via identifica as soluções de engenharia implantadas nas rodovias para atenuar o impacto das condições de topografia e relevo sobre o deslocamento de veículos, aumentando a segurança dos usuários.

Geometria da via inclui itens como pista simples de mão dupla, faixa adicional de subida, pontes e viadutos, entre muitas outras variáveis. Da extensão pesquisada, 88,3% é de pista simples de mão.

O estudo da CNT identificou que 4,2% da extensão avaliada teve sua geometria classificada como ótima (3.895Km). Outros 19% estão como bons; 27,3% como regulares; 17,5%, ruins; e 32%, péssimos.

Por isso, ainda de acordo com o documento, melhorias do tipo duplicação, implantação ou melhoria da faixa adicional de subida, e melhoria da sinalização e proteção das curvas e pontes precisam ser urgentemente empregadas.

Sudeste
57% do total de rodovias pesquisadas no País também estão em má qualidade, nas classificações de regular, ruim ou péssima. As melhores rodovias estão situadas na Região Sudeste

MAIS INFORMAÇÕES
confederação Nacional do Transporte/ Endereço: Saus Q. 1 - Bloco J - Entradas 10 e 20 - Ed. CNT - 10º andar - 70070-944 - Brasília/DF
PÚBLICO X PRIVADO
Sistema de concessão revela melhor qualidade

Fortaleza.+
A pesquisa detalhou ainda as diferenças existentes entre as rodovias que são administradas pelo Governo e as sob gestão das concessionárias. Das vias sob concessão (15.374Km), 48% foram classificadas como ótimas; 38,9% como boas; 12% como regulares; 1,1% como ruins e nenhuma foi avaliada como péssima.

Já entre as rodovias sob gestão pública (77.373Km), apenas 5,6% foram avaliadas como ótimas; 28,2% como boas; 34,2% como regulares; 21,5% como ruins e 10,5% péssimas.

Ligações
O levantamento traz ainda um ranking de 109 ligações rodoviárias de todo o Brasil. As ligações são trechos regionais que interligam territórios de uma ou mais unidades da Federação. Essas extensões têm importância socioeconômica e volume significativo de veículos de cargas e/ou passageiros.

A primeira colocada na lista é a São Paulo SP - Itaí SP - Espírito Santo do Turvo SP, composta pelas rodovias SP-255, SP-280/BR-374. Por sua vez, em último lugar (109ª posição), está a Belém PA - Guaraí TO, composta pelas rodovias BR-222, PA-150, PA-151, PA-252, PA-287, PA-447, PA-475, PA-483 e TO-336.

Durante 39 dias, de 27 de junho a 4 de agosto, foram avaliados 92.747Km - 100% da malha federal pavimentada, as principais rodovias estaduais pavimentadas e as concessionadas. Foram avaliados aspectos do pavimento, sinalização e geometria da via. A pesquisa é uma avaliação independente das rodovias a partir da perspectiva dos usuários, contemplando segurança e desempenho. As informações auxiliam o planejamento do transporte, políticas setoriais, projetos privados, programas governamentais e atividades de ensino e pesquisa para o desenvolvimento do transporte rodoviário.

Marcus PeixotoRepórter

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