terça-feira, 23 de agosto de 2011

Filha de operário que ajudou a construir Brasília revê mensagens que ele deixou no Congresso


Há 12 dias, o Jornal Nacional mostrou que uma obra de emergência no prédio do Congresso Nacional acabou revelando um capítulo da história do Brasil. Entre mensagens que foram deixadas por operários que ergueram o prédio, uma em especial se destacou.
“José Silva Guerra, filho de Pedro Evaristo Guerra e Áurea Silva Guerra, brasileiro, nascimento em 18 do 8 de 1929, em Itatira, Ceará. Meu pai!”, conta Francisca Alrileide Guerra, filha do operário José.
É com orgulho que Alri apresenta esse candango ao Brasil. Na construção do Congresso Nacional, há 52 anos, José e outros operários deixaram mensagens para a posteridade, só descobertas durante uma obra de reparos no começo de agosto.
Na mensagem, José fazia um pedido: “Que os homens de amanhã que aqui vierem tenham compaixão dos nossos filhos e que a lei se cumpra”.
Alri deixou uma mensagem emocionada no site do Jornal Nacional uma semana depois que a matéria foi ao ar. Ela saiu de Santa Catarina para ver de perto a herança do pai, que morreu há menos de um ano. “Conheço a letra. Mais ainda a assinatura dele”, ela diz.
Em 1959, o cearense José Silva Guerra tinha apenas o primeiro dos 12 filhos. Caminhoneiro, levava candangos para o Planalto Central. Depois, se juntou a eles na construção do Congresso.
“A frase que ele deixou escrita, é totalmente coerente com a vida dele”, destaca a filha.
Um homem de pouco estudo, mas de muita sabedoria. “Às vezes, abria um atlas, muito antigo, e ficava fazendo perguntas sobre capitais dos estados e quando nós não respondíamos corretamente ele reclamava com isso”, lembra Alri.
Alri subiu as escadas e precisou descer de novo para mais uma despedida. Assim termina mais um capítulo da história do Seu José Silva Guerra, pai de 12 filhos, pai da Auri, que agora volta para passar para os 11 irmãos o que sentiu.
“Vou tentar. Tentar imaginar aqueles homens aqui trabalhando, há tanto tempo, desejando um país melhor para os seus filhos. É para o futuro e sempre vai existir o futuro. E que ele sempre seja melhor do que foi o passado”, ela diz.

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