As poucas vagas oferecidas aos dependentes químicos em hospitais e casas de recuperação na Capital obrigam centenas de famílias a recorrer as casas filantrópicas ou privadas FOTO: WALESKA SANTIAGO |
Comissão de Saúde do Ministério Público realiza levantamento sobre as principais necessidades dos usuários de drogas
Além de enfrentar a dor e a angústia de conviver com um parente ou amigo dependente químico, os fortalezenses precisam lutar por uma vaga em hospitais e casas de recuperação da rede pública de saúde. Isso porque, para a internação a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), só disponibiliza 12 leitos na Santa Casa de Misericórdia e a Secretaria da Saúde Estado (Sesa) apenas 20 no Hospital Mental de Messejana. Para a recuperação destes usuários, o governo do Estado oferece 54 vagas conveniadas em quatro Comunidades Terapêuticas, já o Município ainda fecha convênio com seis entidades para oferecer 120 vagas.
Enquanto isso centenas de famílias precisam recorrer às poucas casas filantrópicas ou às instituições privadas, que, na maioria das vezes, cobram de um a três salários mínimos mensais pelo tratamento. De acordo com uma pesquisa realizada pela equipe do Fórum Pacto pela Vida, criado, em 2010, pelo Conselho de Altos Estudos da Assembleia Legislativa do Ceará, não há estatísticas reais sobre o assunto, mas estima-se que existam cerca de 35 casas de recuperação privadas, na Capital e na Região Metropolitana.
A situação obriga que as pessoas menos favorecidas passem anos em busca de vagas para tratamento. A situação é o que atormenta o assistente administrativo Jefferson Mesquita. Seu irmão João (nome fictício), 22, é dependente químico há quatro anos e precisa ser internado. Contudo, desde de dezembro do ano passado, que todos os dias Jefferson faz ligações e visita casas de recuperação a procura de uma vaga gratuita e ainda não conseguiu.
"Em todas as portas que bati só encontrava fila de espera. Nas casas privadas, eles pediam dois salários mínimos e uma cesta básica e nós não tínhamos condição", desabafa.
Hoje, o irmão de Jefferson está em casa e frequenta reuniões na Instituição Desafio Jovem, no entanto, ele afirma que são constantes as recaídas.
Busca por soluções
Diante dessa situação, o Grupo Nacional de Diretos Humanos (GNDH) do Conselho Nacional de Procuradores Gerais do Ministério Público dos Estados e da União (CNPG), estão cobrando do poder público ações complementares para construção de casas de recuperação
De acordo com a promotora de Justiça e Defesa da Saúde Pública e secretária executiva do GNDH, Isabel Porto, essa realidade não se restringe a Fortaleza, mas a todo o Brasil. Por isso, desde de dezembro de 2010, representantes de seis comissões de todo o País estão se reunindo para propor soluções para esta situação. Segundo Isabel Porto, a comissão de saúde do Ceará está realizando levantamento sobre as principais necessidades dos dependentes químicos no Estado.
A promotora afirma que a maior dificuldade enfrentada hoje no Ceará é não ter para onde encaminhar as pessoas que precisam de internação e tratamento. "A quantidade de vagas públicas em casas de recuperação é insuficiente para a grande e crescente demanda no Estado", diz.
Isabel Porto comenta que o levantamento será apresentado no dia 12 de agosto, em uma audiência pública na Promotoria Geral de Justiça (PGJ). "Vamos contar com a presença de representantes do Município, Estado, hospitais psiquiátricos e ONGs para expor como está a eficiência e a estrutura do atendimento de dependentes químicos na Capital", afirma.
Para o psiquiatra e assessor da Coordenação de Saúde Mental da SMS, Walmy Silveira, apesar da internação hospitalar ou em casas de recuperação parecer ser a única saída, há outras ações para o enfrentamento das drogas, como a prevenção e o tratamento ambulatorial.
Segundo Walmy Silveira, a Prefeitura mantém funcionando seis Centros de Atenção Psicossocial (Caps/AD) voltados para atendimento e acompanhamento de usuários de álcool e outras drogas. "Mantemos esse serviço de portas abertas para a comunidade com profissionais especializados em atendimento médico e psicossocial
KARLA CAMILAESPECIAL PARA CIDADE
Além de enfrentar a dor e a angústia de conviver com um parente ou amigo dependente químico, os fortalezenses precisam lutar por uma vaga em hospitais e casas de recuperação da rede pública de saúde. Isso porque, para a internação a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), só disponibiliza 12 leitos na Santa Casa de Misericórdia e a Secretaria da Saúde Estado (Sesa) apenas 20 no Hospital Mental de Messejana. Para a recuperação destes usuários, o governo do Estado oferece 54 vagas conveniadas em quatro Comunidades Terapêuticas, já o Município ainda fecha convênio com seis entidades para oferecer 120 vagas.
Enquanto isso centenas de famílias precisam recorrer às poucas casas filantrópicas ou às instituições privadas, que, na maioria das vezes, cobram de um a três salários mínimos mensais pelo tratamento. De acordo com uma pesquisa realizada pela equipe do Fórum Pacto pela Vida, criado, em 2010, pelo Conselho de Altos Estudos da Assembleia Legislativa do Ceará, não há estatísticas reais sobre o assunto, mas estima-se que existam cerca de 35 casas de recuperação privadas, na Capital e na Região Metropolitana.
A situação obriga que as pessoas menos favorecidas passem anos em busca de vagas para tratamento. A situação é o que atormenta o assistente administrativo Jefferson Mesquita. Seu irmão João (nome fictício), 22, é dependente químico há quatro anos e precisa ser internado. Contudo, desde de dezembro do ano passado, que todos os dias Jefferson faz ligações e visita casas de recuperação a procura de uma vaga gratuita e ainda não conseguiu.
"Em todas as portas que bati só encontrava fila de espera. Nas casas privadas, eles pediam dois salários mínimos e uma cesta básica e nós não tínhamos condição", desabafa.
Hoje, o irmão de Jefferson está em casa e frequenta reuniões na Instituição Desafio Jovem, no entanto, ele afirma que são constantes as recaídas.
Busca por soluções
Diante dessa situação, o Grupo Nacional de Diretos Humanos (GNDH) do Conselho Nacional de Procuradores Gerais do Ministério Público dos Estados e da União (CNPG), estão cobrando do poder público ações complementares para construção de casas de recuperação
De acordo com a promotora de Justiça e Defesa da Saúde Pública e secretária executiva do GNDH, Isabel Porto, essa realidade não se restringe a Fortaleza, mas a todo o Brasil. Por isso, desde de dezembro de 2010, representantes de seis comissões de todo o País estão se reunindo para propor soluções para esta situação. Segundo Isabel Porto, a comissão de saúde do Ceará está realizando levantamento sobre as principais necessidades dos dependentes químicos no Estado.
A promotora afirma que a maior dificuldade enfrentada hoje no Ceará é não ter para onde encaminhar as pessoas que precisam de internação e tratamento. "A quantidade de vagas públicas em casas de recuperação é insuficiente para a grande e crescente demanda no Estado", diz.
Isabel Porto comenta que o levantamento será apresentado no dia 12 de agosto, em uma audiência pública na Promotoria Geral de Justiça (PGJ). "Vamos contar com a presença de representantes do Município, Estado, hospitais psiquiátricos e ONGs para expor como está a eficiência e a estrutura do atendimento de dependentes químicos na Capital", afirma.
Para o psiquiatra e assessor da Coordenação de Saúde Mental da SMS, Walmy Silveira, apesar da internação hospitalar ou em casas de recuperação parecer ser a única saída, há outras ações para o enfrentamento das drogas, como a prevenção e o tratamento ambulatorial.
Segundo Walmy Silveira, a Prefeitura mantém funcionando seis Centros de Atenção Psicossocial (Caps/AD) voltados para atendimento e acompanhamento de usuários de álcool e outras drogas. "Mantemos esse serviço de portas abertas para a comunidade com profissionais especializados em atendimento médico e psicossocial
KARLA CAMILAESPECIAL PARA CIDADE
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