| A unidade prisional está hoje com a sua capacidade máxima excedida em46%, com 545 mulheres presas |
A superlotação das unidades penitenciárias atinge também o Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa (IPF). Há um ano, o número de internas não chegava nem a capacidade máxima da unidade, que é de 374 mulheres. Hoje, no entanto, já soma 545. De 2010 até o momento, o presídio recebeu 171 mulheres, um acréscimo de 46% acima de sua capacidade. A informação foi repassada ontem, pela diretora da penitenciária, Analupe Araújo de Sousa, durante o lançamento da "Semana do Bebê: um olhar às mães presidiárias". A iniciativa, que acontece até o próximo dia 12, no Auri Moura Costa, é uma ação pioneira dentro de presídios e visa possibilitar às presidiárias grávidas um maior conhecimento sobre os seus direitos como gestante. Atualmente, nove bebês vivem na creche do presídio. Dentro da unidade, existem 15 mulheres grávidas.
A ação é realizada por meio da parceria entre Defensoria Pública Geral do Estado (DPGE), Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado do Ceará (Sejus) e Instituto da Infância (Ifan).
Mariana Lobo, titular da Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus), destaca que esse é um evento voltado para assegurar políticas públicas da primeira infância. "O fato da iniciativa ser realizada numa unidade prisional é importante, pois mostra que a função do presídio não é apenas de aprisionamento, mas também de garantir direitos fundamentais e trabalhar o resgate de pessoas".
Afetividade
Luzia Torres Laffite, superintendente executiva do Ifan, comenta que fomentar e incentivar os laços afetivos da mãe com o bebê é a primeira medida que será feita durante a Semana do Bebê. Por meio das oficinas estão programadas para a ação serão passados conhecimentos sobre a amamentação, cuidado alimentar e estímulo ao bebê.
No sistema penitenciário, o trabalho será feito, neste momento, somente na creche, relacionado às mães dos bebês que já nasceram e às gestantes. Para o desenvolvimento da criança, Luiza Torres explica que o trabalho é de suma importância, pois incentiva os pequenos no que eles mais precisam, que é o contato materno afetivo. "Estamos orientando para que a mãe atenda melhor as necessidades, que olhe melhor as potencialidades do bebê. Isso significa a prevenção dos acidentes. Estamos incentivando o desenvolvimento como um todo", comenta.
A diretora, Analupe Araújo, explica que quando a mulher ingressa no sistema penitenciário grávida, ela tem o direito de passar o período de aleitamento. Para isso, a interna sai das alas e vai para a creche. Passado o período de amamentação, chega o momento mais doloroso: o da separação. Quando a mulher possui família, a separação é um pouco menos triste, quando não, o bebê tem que ser encaminhado para um abrigo. "A gente tenta protelar essa separação ao máximo, para que a mãe já saia daqui com o filho. Algumas vezes eles até ultrapassam o período de aleitamento materno".
Fabíola Gomes da Silva, 30, que responde por tráfico de drogas, mostra-se bastante preocupada com a possibilidade de se separar do seu bebê. Ao ser questionada sobre o assunto Fabíola responde, de forma, contundente, que jamais quer se separar do filho, que já está com dez meses. "Quero sair junto com ele, dar um bom estudo. Quero que ele seja um filho e estudante exemplar, para que possa entrar na sociedade de cabeça erguida".
Baseada na sua própria história, a presidiária recomenda que ela sirva de exemplo, para quem está nessa vida das drogas, para que saia enquanto é tempo.
LUANA LIMAREPÓRTER
OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Oportunidade de mostrar os sentimentos
A sociedade tem uma visão de que o presídio é um ambiente muito ruim, feio, tenebroso, que as pessoas são sem emoção, sem sentimento, que é um ambiente ruim, negativo, mas quando trazemos um evento como esse, da "Semana do Bebê", para cá, desmitificamos um pouco essa visão que a sociedade possui de uma unidade prisional. É uma oportunidade para mostrar que aqui tem pessoas sensíveis, que se falam sobre coisas boas, que se trabalha filhos, maternidade. A maioria das mulheres que aqui estão presas são das camadas mais humildes da sociedade. Elas não tem acesso à saúde básica, nunca foi discutido com elas a importância de ser mãe, a responsabilidade da maternidade, sobre como é importante para o bebê, nos primeiros anos de vida, ele ser bem tratado, bem cuidado. Então, durante o presídio, no período de reclusão, elas vão sendo educadas. É na perspectiva de educação em direitos humanos, que é uma das responsabilidades da Defensoria Pública, que estamos fazendo esse evento. Fora do presídio talvez essas mulheres não tivessem oportunidade de ouvir sobre primeiros socorros, nutrição de bebês, técnicas de desenvolvimento, brinquedoteca, essas coisas que geralmente só quem tem acesso é a elite. E aqui elas estão tendo oportunidade de discutir tudo isso.
Aline MirandaCoord. da Defensoria Pública
A ação é realizada por meio da parceria entre Defensoria Pública Geral do Estado (DPGE), Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado do Ceará (Sejus) e Instituto da Infância (Ifan).
Mariana Lobo, titular da Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus), destaca que esse é um evento voltado para assegurar políticas públicas da primeira infância. "O fato da iniciativa ser realizada numa unidade prisional é importante, pois mostra que a função do presídio não é apenas de aprisionamento, mas também de garantir direitos fundamentais e trabalhar o resgate de pessoas".
Afetividade
Luzia Torres Laffite, superintendente executiva do Ifan, comenta que fomentar e incentivar os laços afetivos da mãe com o bebê é a primeira medida que será feita durante a Semana do Bebê. Por meio das oficinas estão programadas para a ação serão passados conhecimentos sobre a amamentação, cuidado alimentar e estímulo ao bebê.
No sistema penitenciário, o trabalho será feito, neste momento, somente na creche, relacionado às mães dos bebês que já nasceram e às gestantes. Para o desenvolvimento da criança, Luiza Torres explica que o trabalho é de suma importância, pois incentiva os pequenos no que eles mais precisam, que é o contato materno afetivo. "Estamos orientando para que a mãe atenda melhor as necessidades, que olhe melhor as potencialidades do bebê. Isso significa a prevenção dos acidentes. Estamos incentivando o desenvolvimento como um todo", comenta.
A diretora, Analupe Araújo, explica que quando a mulher ingressa no sistema penitenciário grávida, ela tem o direito de passar o período de aleitamento. Para isso, a interna sai das alas e vai para a creche. Passado o período de amamentação, chega o momento mais doloroso: o da separação. Quando a mulher possui família, a separação é um pouco menos triste, quando não, o bebê tem que ser encaminhado para um abrigo. "A gente tenta protelar essa separação ao máximo, para que a mãe já saia daqui com o filho. Algumas vezes eles até ultrapassam o período de aleitamento materno".
Fabíola Gomes da Silva, 30, que responde por tráfico de drogas, mostra-se bastante preocupada com a possibilidade de se separar do seu bebê. Ao ser questionada sobre o assunto Fabíola responde, de forma, contundente, que jamais quer se separar do filho, que já está com dez meses. "Quero sair junto com ele, dar um bom estudo. Quero que ele seja um filho e estudante exemplar, para que possa entrar na sociedade de cabeça erguida".
Baseada na sua própria história, a presidiária recomenda que ela sirva de exemplo, para quem está nessa vida das drogas, para que saia enquanto é tempo.
LUANA LIMAREPÓRTER
OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Oportunidade de mostrar os sentimentos
A sociedade tem uma visão de que o presídio é um ambiente muito ruim, feio, tenebroso, que as pessoas são sem emoção, sem sentimento, que é um ambiente ruim, negativo, mas quando trazemos um evento como esse, da "Semana do Bebê", para cá, desmitificamos um pouco essa visão que a sociedade possui de uma unidade prisional. É uma oportunidade para mostrar que aqui tem pessoas sensíveis, que se falam sobre coisas boas, que se trabalha filhos, maternidade. A maioria das mulheres que aqui estão presas são das camadas mais humildes da sociedade. Elas não tem acesso à saúde básica, nunca foi discutido com elas a importância de ser mãe, a responsabilidade da maternidade, sobre como é importante para o bebê, nos primeiros anos de vida, ele ser bem tratado, bem cuidado. Então, durante o presídio, no período de reclusão, elas vão sendo educadas. É na perspectiva de educação em direitos humanos, que é uma das responsabilidades da Defensoria Pública, que estamos fazendo esse evento. Fora do presídio talvez essas mulheres não tivessem oportunidade de ouvir sobre primeiros socorros, nutrição de bebês, técnicas de desenvolvimento, brinquedoteca, essas coisas que geralmente só quem tem acesso é a elite. E aqui elas estão tendo oportunidade de discutir tudo isso.
Aline MirandaCoord. da Defensoria Pública
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