Revendo antigos escritos, guardados em uma velha gaveta, encontrei um bilhete feito a lápis, com palavras escolhidas com o propósito de mergulhar fundo no meu coração.
No final, uma frase bem otimista, inesquecível, que guardei ao longo dos anos:
"Filho meu, tenha seu objetivo de vida sempre como uma dádiva dos céus; fé e perseverança serão o complemento. Um beijo da sua mãe e melhor amiga."
Enquanto as palavras ribombavam em minha mente, fui buscar algumas cenas do passado, com um nozinho de saudade apertando o peito.
Viajo no tempo. Vejo o tronco de uma castanholeira por meio do qual eu consigo transpor com os meus olhos de menino urbano. Contemplo a silhueta das linhas montanhosas. O cenário é rústico, mas de grande beleza. Eu lembro tanto...a música que mamãe gostava de cantarolar enquanto cuidava de seus afazeres domésticos; o sorriso grácil ao nos desejar bom-dia; a criatividade que coloria o nosso imaginário com suas intrigantes histórias para adormecermos. Minhas irmãs se encantavam com os vestidos de boneca que ela criava. Mais divertido ainda era vê-la praticando o código de postura, ensinando-as a desfilar pelo tradicional método do livro sobre a cabeça.
O reforço escolar nos chegava de maneira dócil - como era fácil exercitar a álgebra com a sua paciência inesgotável, apesar dos nossos pensamentos teimarem em mudar para o rumo das peraltices. Atingida pelo cansaço, vez ou outra estendia seu corpo no sofá. Em nossas noites de insônia, adivinhávamos seus sonhos repletos de anjos, tal era a tranquilidade do seu rosto, com um leve esboço de sorriso.
O bilhete que tenho em mãos é uma preciosidade, na verdade uma relíquia. Tenho alcançado muita coisa boa que tracejei como plano de vida, sempre com fé e perseverança. A velha gaveta serve de embalagem ao amarelado e abarrotado papel.
No meu coração, entretanto, a vívida e eterna lembrança da minha mãe, um mimo de Deus.
Rui Paiva
No final, uma frase bem otimista, inesquecível, que guardei ao longo dos anos:
"Filho meu, tenha seu objetivo de vida sempre como uma dádiva dos céus; fé e perseverança serão o complemento. Um beijo da sua mãe e melhor amiga."
Enquanto as palavras ribombavam em minha mente, fui buscar algumas cenas do passado, com um nozinho de saudade apertando o peito.
Viajo no tempo. Vejo o tronco de uma castanholeira por meio do qual eu consigo transpor com os meus olhos de menino urbano. Contemplo a silhueta das linhas montanhosas. O cenário é rústico, mas de grande beleza. Eu lembro tanto...a música que mamãe gostava de cantarolar enquanto cuidava de seus afazeres domésticos; o sorriso grácil ao nos desejar bom-dia; a criatividade que coloria o nosso imaginário com suas intrigantes histórias para adormecermos. Minhas irmãs se encantavam com os vestidos de boneca que ela criava. Mais divertido ainda era vê-la praticando o código de postura, ensinando-as a desfilar pelo tradicional método do livro sobre a cabeça.
O reforço escolar nos chegava de maneira dócil - como era fácil exercitar a álgebra com a sua paciência inesgotável, apesar dos nossos pensamentos teimarem em mudar para o rumo das peraltices. Atingida pelo cansaço, vez ou outra estendia seu corpo no sofá. Em nossas noites de insônia, adivinhávamos seus sonhos repletos de anjos, tal era a tranquilidade do seu rosto, com um leve esboço de sorriso.
O bilhete que tenho em mãos é uma preciosidade, na verdade uma relíquia. Tenho alcançado muita coisa boa que tracejei como plano de vida, sempre com fé e perseverança. A velha gaveta serve de embalagem ao amarelado e abarrotado papel.
No meu coração, entretanto, a vívida e eterna lembrança da minha mãe, um mimo de Deus.
Rui Paiva
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