sábado, 14 de maio de 2011

Dengue mata 39 neste ano

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Para cada caso grave, existem 53 registros de dengue clássica. Em 2001, esta proporção era de um para 383
Em menos de cinco meses, 39 pessoas já morreram vítimas da dengue no Ceará, segundo o último boletim epidemiológico divulgado, ontem, pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). O número coloca a epidemia como a terceira mais grave desde 1986, ficando atrás apenas das ocorridas em todo o ano de 2008 e 2009, que apresentaram, respectivamente, 44 e 43 óbitos causados pelo mosquito transmissor Aedes aegypti.
O relatório revela ainda um dado bastante preocupante com relação aos casos graves. É observado que a proporção aumenta a cada ano. Conforme o boletim, este ano, para cada caso grave, existem 53 casos de dengue clássico. Em 2001, esta proporção era de um caso grave para 383 clássicos.
Das mortes contabilizadas, até o momento, no Estado, 30 foram por dengue com complicação e nove por dengue hemorrágica. Já tendo sido confirmados em todo o Ceará 17.066 casos do tipo clássico da doença, 218 com complicação e 108 de dengue hemorrágica. Dos 184 municípios cearenses, 161 já registraram a incidência da patologia.

Assistência
Para o infectologista e diretor do Hospital São José, Anastácio Queiroz, os últimos dados revelados pelo boletim da Sesa demonstram claramente a necessidade da disponibilidade de uma maior e melhor assistência nos hospitais para a população.
"Antes tínhamos poucos casos graves. Agora temos uma população que precisa de maior assistência, deixando claro a sobrecarga inevitável das unidades de saúde, já que as internações e os demais atendimentos são necessários".
Anastácio Queiroz enfatiza que os óbitos ocorridos por conta da dengue são lamentáveis, visto que o problema é totalmente possível de ser prevenido e de ser tratado. O especialista esclarece que as mortes causadas pela doença, na sua maioria, deve-se à não procura por assistência médica ou pelo não diagnóstico precoce da patologia.
"Lógico que temos os casos muito graves que, infelizmente, não se tem muito o que fazer, mas, no geral, a dengue é uma doença que não deveria ter mortes", destaca Queiroz.
A respeito do aumento no número de casos graves, o boletim epidemiológico da Sesa aponta como principais fatores para a causa: a circulação simultânea de três sorotipos virais; o fato da população já estar sensibilizada por infecções anteriores; e a hiperendemicidade (maior circulação do vírus), aumentando a probabilidade de formas graves e óbitos.
Conforme ainda o relatório, observa-se que em 2011, a incidência da doença se encontra acima de 200 casos por 100 mil habitantes, estando estes na faixa etária até 59 anos. Contudo, são as pessoas com idade entre 20 a 29 anos que mais preocupa, visto que já estão confirmados 256,3 casos por 100 mil habitantes. O fato se deve, sobretudo, pela maior exposição deste público, nascido após as epidemia nas décadas de 80 e 90, ao vírus circulante atualmente, não estando essa população "imune" aos sorotipos.

Fortaleza
Assim como nos demais municípios do Ceará, a situação em Fortaleza também é de alerta. Até o momento, já foram confirmados 7.502 casos de dengue na Capital, além de 15 óbitos, sendo 11 por complicação e quatro por hemorrágica. Apenas na primeira quinzena de maio, 63 pessoas contrairam a doença. Os bairros sob a coordenação da Secretaria Executiva Regional (SER) VI são os que apresentam os maiores índices de ocorrência da dengue. Ao todo, já foram registrados na área 1.759 casos, de acordo com o último boletim divulgado pela Sesa. Com 334 pessoas infectadas pelo Aedes aegypti, Messejana é a região mais afetada, seguida por São João do Tauape, bairro da SER II com 453 casos, e pelo Canindezinho, da SER V, com 245 vítimas da dengue.

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