Entrada da rua Paulino Nogueira: moradores do entorno da praça esportiva temem que confrontos entre torcidas organizadas ameacem a paz do bairro da Gentilândia FOTO: KID JÚNIOR |
Desde o fechamento do Estádio Presidente Vargas, em fevereiro de 2008, que os moradores dos arredores da praça esportiva se veem em meio a um misto de emoções que, por um lado, envolvem a saudade e, por outro, o alívio de poder obter dias de sossego. O alívio não se deve ao fechamento do estádio em si - que diga-se de passagem é tido como o xodó do bairro -, mas sim ao constante vandalismo praticado por uma minoria de torcedores, que acabam levando medo a vizinhança.
Veja galeria de imagens do novo PV
"Nós temos medo pelo fato da insegurança. A partir do momento em que se criou a torcida organizada e que uma minoria aproveitou-se para infiltrar-se nestes movimentos para outros fins, a violência passou a ser uma constante dentro e fora dos estádios. A minha maior preocupação em morar aqui (na Gentilândia) é a de que um dia haja um tumulto generalizado e as pessoas, na tentativa de fuga, invadam as nossas casas", declarou Cristiano Santos, que mora há 63 anos na rua Padre Francisco Pinto, na Gentilândia.
Mesmo diante de um quadro tão preocupante, Cristiano não se absteve em ajudar na preservação do futebol local e juntou-se a um seleto grupo de admiradores do esporte para fundar o Grupo Literatura e Memória do Futebol (Memofut). "O PV está muito bonito. Mas, infelizmente, existem algumas pessoas que possuem o instinto do vandalismo e não se preocupam em preservar o patrimônio da cidade. A nós, resta apenas o sentimento de torcer para que eles não depredem o estádio", concluiu Cristiano.
Cultura das calçadas
A placidez presente nas ruas localizadas ao redor do Presidente Vargas remete aos costumes interioranos do sentar-se às calçadas para "jogar conversa fora". E este é um costume que os moradores ainda preservam, mesmo em dias de jogos. "Desde criança que nós nos juntamos para ficar na frente das nossas casas, olhando o movimento das pessoas indo e vindo do estádio, na ansiedade de começar o jogo, e eu gosto disto", declarou Eliane Mesquita Pinheiro, que há 48 anos reside próximo à praça esportiva.
Segundo a moradora, de uns anos para cá, essa cultura, aos poucos, está sendo esquecida pelo temor à violência. "Nós esperamos que as autoridades responsáveis e os torcedores tenham mais cuidado com o nosso PV", apelou Eliane.
Enquete Expectativas
"Antigamente, em dias de jogos no PV, não existia o policiamento ostensivo que é necessário ter hoje" Cristiano Santos, 64 anos, Integrante do Memofut
"Espero que as autoridades responsáveis tenham mais cuidados com a preservação do estádio, que está novinho" Eliane Mesquita Pinheiro, 50 anos, Autônoma
"Acredito que deverá haver mais cuidado com quem frequenta o estádio. Novas medidas devem ser tomadas" Irajá Alberto, 66 anos, Ex-jogador
ÍKARA RODRIGUESREPÓRTER
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