quinta-feira, 7 de abril de 2011

Epidemia requer postura de ''tolerância zero'' contra o mosquito


Bruno de Castro
brunobrito@opovo.com.br


A casca de ovo deixada no quintal serve de abrigo. O pedaço de caule do pé de palmito ou da palmeira do jardim também. Eliminá-los é fundamental. Mas não é o bastante para conter o Aedes aegypti. Diante de uma epidemia de dengue como a constatada em 27 municípios do Ceará, é necessária certa dose de radicalismo na guerra contra um mosquito oportunista responsável por 8.308 casos confirmados da doença e 20 mortes este ano.
O esvaziamento de recipientes com água e limpeza do quintal podem ser insuficientes. “É preciso tolerância zero. As pessoas devem se conscientizar de que a casa delas é um ambiente de proteção, mas também pode ser de contaminação”, alerta o coordenador de proteção e promoção à saúde da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), Manoel Fonsêca.
Em casa, nada de cultivar plantas aquáticas ou espécies de formato propício ao acúmulo de água. Em favor da sua saúde e da saúde de familiares, visitas e vizinhos, desfaça-se de bromélias, helicoidais, copos de leite, helicônias, bastões do imperador, abacaxis de salão e antúrios, por exemplo. Caso o Aedes aegypti encontre guarida por negligência sua, ele poderá agir num raio de um quilômetro.
Além da caixa d’água, vedações podem ser feitas em portas, janelas e sangradouros. Para um recipiente de 500 litros, uma tela sai, em média, por R$ 30. “É um pouco mais caro, mas é uma saída”, argumenta Fonsêca. O testemunho é de quem fez isto na própria casa.
Baldes no quintal? Só se estiverem emborcados. E é preciso atenção ao que existe embaixo da geladeira. O equipamento que retém o degelo pode virar local de reprodução do mosquito. É preciso esvaziá-lo.
Nem o gelágua e o vaso sanitário escapam. Sim, é fundamental retirar o líquido excedente da bandeja onde os copos são colocados e deixar o vaso fechado. Se 48h passarem sem utilização, ele torna-se o lugar perfeito para o Aedes aegypti crescer.
Aos pneus velhos, nada de paliativos. Livre-se deles. Às árvores com fendas, atenção! “No cemitério São João Batista, descobriram centenas de criadouros nestes ocos. Se tiver em casa, tem que vedar com cimento”, acrescenta Fonsêca. Por fim, calhas e potes. Nas primeiras, faça limpeza semanal. Nos outros, vedação impecável. Como têm altos índices de umidade, os potes facilitam a proliferação do mosquito.
Repelentes também ajudam a afastar o Aedes aegypti. Mas têm efeito de, no máximo, quatro horas. “As pessoas sempre dizem que a culpa é do vizinho. Mas a gente é vizinho do vizinho. Será que estamos olhando para a nossa casa direito?”, indaga a entomologista e pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), Denise Valle.

Por quê

ENTENDA A NOTÍCIA

Se cada um não fizer a sua parte e proteger as casas ao máximo, não tem campanha de Governo que detenha o avanço da doença. Basta dedicar 10 minutos do dia para eliminar os focos. É fácil. Basta boa vontade.

SAIBA MAIS

Segundo o Instituto Oswaldo Cruz, os recipientes mais propícios à proliferação do Aedes aegypti são: caixas d’água, calhas, galões, tonéis, poços, latões, pneus, garrafas, ralos, bandejas de ar condicionado, bandejas de geladeira, vasos de planta, vasos sanitários, baldes, lonas de piscinas e fontes.
Dicas podem ser consultadas em www.ioc.fiocruz.br/dengue e
A Sesa alerta: os horários em que a fêmea do mosquito mais pica para se alimentar e, consequentemente, por os ovos vão de 5h às 8h e de 17h às 20h.
O Brasil já chegou a erradicar a dengue. Foi em 1958. Os primeiros casos no País são datados do século XIX. Em 1986, houve a primeira epidemia.
Alguns especialistas são ainda mais radicais. Defendem a eliminação total de pratinhos, pneus, garrafas e o que servir para reprodução do mosquito.



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