sábado, 19 de março de 2011

Ceará é líder em óbitos no País

De acordo com a Secretaria da Saúde do Ceará, além das ações de combate à dengue, medidas já estão sendo tomadas para uma reestruturação do atendimento dos pacientes  FOTO: ANTONIO CARLOS ALVES
Os números mais recentes da dengue 2011 no país, divulgados ontem, pelo Ministério da Saúde, apontam o Ceará como o estado com maior número de mortes pelas formas mais graves da doença. Segundo o balanço, até o último dia 26 de fevereiro, foram confirmados 12 óbitos. Além destas informações, o boletim aponta uma variação de 286% no número de notificações da doença.
O crescimento acima referido, deve-se a comparação feita entre os meses de janeiro e fevereiro do ano corrente, com igual período de 2010. Para se ter uma ideia, até o dia 26, foram notificados 8.382 casos, já no ano passado, nessa mesma época, esse total foi de 2.171.
Porém, dados recentes da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), divulgados ontem, confirmam mais três mortes, o que eleva para 15 a quantidade de vítimas fatais. Duas dessas pessoas eram moradoras do município de Caucaia, um homem de 44 anos e um bebê de sete meses. O terceiro óbito aconteceu na cidade de Tejuçuoca, um jovem de 22 anos. Além disso, o boletim epidemiológico atualiza o número de casos notificados para 11.613. O levantamento mostra também, a real quantidade de pessoas infectadas por dengue - 5.534. Desse total, 1.586 são de Fortaleza, onde houve uma variação de 21,43% no número de casos de uma semana para outra, pois até o último dia 11, esse valor correspondia a 1.306 confirmações.

Estrutura
Para o infectologista e professor da Faculdade Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ivo Castelo Branco, o aumento dos óbitos só será evitado caso haja uma reestruturação do sistema. "Estamos vivendo uma epidemia, e não adianta ter bons doutores se a estrutura não permite".
O infectologista explicou que o que acontece é uma superlotação da atenção secundária, pois a população não confia no atendimento primário, ou então não a procura, e acaba se dirigindo aos hospitais de referência. "O correto seria que de 100 casos, 70% fossem tratados nos postos de saúde, e os outros 30%, que são os que necessitam de exames fossem encaminhados para atenção secundária". Castelo Branco atentou que essa quantidade de mortes só pode ser associada a três fatores, são eles: negligência do próprio paciente aos sintomas de alerta, não conhecimento desses, e por último o atendimento médico não valorizou os sintomas da doença. "No Ceará nós temos os melhores médicos para tratar a doença no país, porém como é que se faz um bom diagnóstico em apenas 8 minutos de consulta", indagou.
Os sinais de alerta aos quais o especialista se refere são: dores de barriga forte, vômito, náuseas, suor frio, desmaio ao levantar e tosse seca com falta de ar. "Muitas vezes as pessoas pensam que ao passar a febre já estão curadas, mas é justamente aí que se deve ficar em alerta. Caso esse sintomas fossem identificados em 24 horas, teríamos condições de salvar 99% dos casos, simplesmente hidratando o paciente. A forma crítica da dengue se manifesta justamente nesse período".
O coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, Manoel Fonseca, explicou que as medidas já estão sendo tomadas pra uma reestruturação desse atendimento. Segundo ele, ontem, foi realizada uma reunião com integrantes do MS, e o secretário de saúde da Capital, Alex Mont´Alverne, onde foi definido um plano de emergência.
"Dentre as medidas desse plano, está a ampliação da rede de emergência, além da assessoria do Ministério, que nos fornecerá 14 profissionais de saúde para auxiliar na organização dos hospitais de atenção básica e secundária em relação a dengue no Estado" . Ele disse que está em discussão a inclusão do Hospital da Polícia Militar, e de uma enfermaria da Santa Casa de Misericórdia, para dar retaguarda aos hospitais Albert Sabin e São José, respectivamente.

Nacional
O balanço do MS revela que a dengue avança em 16 Estados do País. Nos primeiros dois meses do ano, o Brasil registrou 155.613 casos da doença. Embora 37% inferior ao apresentado no mesmo período do ano passado, o indicador está longe de refletir uma situação de tranquilidade. Amazonas e Acre enfrentam epidemias. Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná apresentam altos índices de infecção.

Óbitos de dengue
Ceará- 12

Amazonas - 10

Rio de Janeiro - 8

Pará - 3

Paraná - 3

Alagoas - 2

Minas Gerais - 2

Espírito Santo - 2

São Paulo - 2

Mato Grosso - 2

Acre - 1

Maranhão - 1

Fonte: Ministério da Saúde

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