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| 90% dos criadouros do mosquito da dengue estão nas casas (DEIVYSON TEIXEIRA) |
O mosquito transmissor da dengue evoluiu. Se antes, teoricamente, o Aedes aegypti se reproduzia apenas em água limpa, uma descoberta recente indica que ele não está mais tão exigente. A pesquisadora Marylene de Brito Arduíno, da Superintendência de Controle de Endemias de São Paulo (Sucen-SP), encontrou larvas do mosquito em recipientes com água contendo resíduos de sal e até com produtos, como tinta e combustível. Especialistas ouvidos pelo O POVO alertam que, independentemente de a água estar limpa ou suja, o importante é acabar com os espaços de reprodução do mosquito.
O médico sanitarista e Coordenador de Promoção e Proteção à Saúde do Estado, Manoel Fonsêca, destaca que a novidade é preocupante. “A capacidade de adaptação do mosquito é impressionante”, comenta. Para ele, porém, as ações de combate ao Aedes aegypti devem continuar as mesmas.
“Isso não altera significativamente as ações porque o depósito que guarda água suja guarda água limpa. A preocupação é em sempre manter o quintal limpo”, lembra. Segundo Fonsêca, 90% dos criadouros do mosquito estão em quintais e dentro das casas. “Por isso a preocupação maior ainda é dentro das casas nos grandes aglomerados urbanos”, frisa.
Apesar de desconhecer as novas descobertas da pesquisadora paulista, o gerente da vigilância ambiental de risco biológico da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), João Urânio Nogueira Ferreira, diz que as ações de combate aos focos do mosquito em Fortaleza continuarão acabando com todos os depósitos de água encontrados. “Não importa se seja água salgada ou não, limpa ou não. Todos os recipientes que contenham água são focos e são destruídos”, reforça.
Segundo Ferreira, a Prefeitura realiza ações de combate ao mosquito regularmente. “Trabalhamos em todos os canais de Fortaleza e todas as galerias. As bocas de lobo são desobstruídas, temos equipes que realizam borrifação de produto larvicida nos canais”, cita. Ferreira lembra que todas as ações devem ser em conjunto com a população. “A equipe de limpeza tira o lixo, faz coleta, mas imediatamente as pessoas colocam lixo de volta. Pedimos ao máximo a cooperação da população pra ver se conseguimos não ter quadro de epidemia elevado na cidade”, comenta.
Combate
O médico e gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica do Município, Antonio Lima, comenta que a capacidade de adaptação do mosquito deve chamar a atenção na hora de combater o Aedes aegypti. “Isso faz com que outros possíveis criadouros se tornem alvo do trabalho sistemático de combate aos focos”, comenta.
Para o professor do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ivo Castelo Branco Coelho, a adaptação do mosquito a novos ambientes só mostra o quanto o inseto é forte.
Segundo o médico, a presença de larvas do Aedes aegypti em água suja não é novidade. “Enquanto a larva estiver encontrando nutrientes na água, ela vai sobreviver”, afirma. Para o médico, a possibilidade de uma epidemia de dengue no Estado, em 2011, deve mobilizar todos. “A população não tem que esperar pela Prefeitura, pelo Estado ou pelo Governo Federal”, destaca.
SAIBA MAIS
No Ceará, até a última sexta-feira, quando a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) divulgou o boletim semanal da dengue, 1.352 casos da doença tinham sido confirmados.
Um homem de 50 anos morreu por complicações da doença, no município de Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza.
Na Capital, foram 449 confirmações de pacientes com dengue do tipo clássico e quatro do tipo hemorrágico. Nenhuma morte foi registrada.
A prevenção continua sendo a melhor forma de combater a dengue. “Como não existe vacina, a única alternativa é tentar evitar a proliferação do mosquito”, lembra o Coordenador de Promoção e Proteção à Saúde do Estado, o médico Manoel Fonsêca.
Confira algumas dicas para se proteger da dengue:
- Não deixe água acumulada. Para isso, vire todos os reservatórios, como garrafas, com a boca para baixo.
- Mantenha a caixa d’água e quaisquer tonéis e barris d’água bem fechados. De preferência, coloque uma tela para garantir que insetos não terão acesso à água.
- Encha de areia os pratos de plantas ou lave-os semanalmente com escova.
- Remova qualquer objeto que possa impedir a água de correr pelas calhas, como folhas e galhos.
- Coloque no lixo todo objeto não utilizado que possa acumular água. E feche bem o saco de lixo.
Fonte: Ministério da Saúde
Como
ENTENDA A NOTÍCIA
A água é o ambiente ideal para eclosão dos ovos do Aedes aegypti. A fêmea coloca ovos milímetros acima da superfície da água. Com a chuva, o nível sobe e a água entra em contato com os ovos, que eclodem. Evitar o acúmulo de água, portanto, é essencial no combate à dengue.
Mariana Lazari
marianalazari@opovo.com.br
marianalazari@opovo.com.br

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