sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

MORTO VIVO: Família do garoto Daniel leva caso à Delegacia

Fortaleza. A família do menino Francisco Daniel Alves Prado - que supostamente estaria vivo no interior de São Paulo, depois de ser declarado morto em 1999 - formalizou o pedido de investigação do caso, na tarde de ontem, na Delegacia Regional de Canindé.
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Os pais de Daniel, Francisco Evaldo e Maria Laura, formalizaram denúncia ao delegado Dionísio da Paz
FOTO: ANTÔNIO CARLOS ALVES
O delegado titular, Dionísio da Paz, recebeu a mãe do garoto, Maria Laura Alves Prado, acompanhada do marido, Francisco Evaldo Silva Pardo, e de outros parentes, todos bastante confusos com o desenrolar dos últimos fatos. De acordo com o delegado, será aberto o inquérito policial para apurar o que realmente ocorreu com a criança.
"A família está muito abatida com os acontecimentos, mas nossa missão é investigar e vamos colocar o caso no primeiro plano de nosso trabalho. Preciso ver ainda a quem compete apurar as denúncias", disse o delegado, lembrando que, no primeiro momento, de acordo com as informações da família, a provável subtração de menor teria ocorrido no Hospital Instituto José Frota (IJF), em Fortaleza. Por isso, a competência das investigações seria da Delegacia de Combate aos Crimes de Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa).
Contudo, o delegado Dionísio adiantou que, independentemente dessa questão, a quem compete a apuração dos fatos, deve ser pedida a exumação do corpo do garoto de 4 anos que foi enterrado, em Itatira. "Sem dúvida, o primeiro passo seria solicitar o exame de DNA para comprovar se a criança que foi enterrada é ou não o Daniel", afirmou o delegado Dionísio.
Na manhã de ontem, o Diário do Nordeste recebeu uma denúncia de que o garoto teria sido entregue por duas irmãs, Ilza e Zilda Cunha, que moram na Barra do Ceará, a um caminhoneiro chamado Ivan Prado. Este teria levado a criança para São Paulo.
Essas mulheres são tias de Ana Maria Ximenes, a Mariazinha, que é irmã, de parte paterna, do pai de Daniel. Porém, ao chegar às residências dessas mulheres, a reportagem apurou que elas não tinham ideia da denúncia, sequer Ilza e Zilda Cunha conheceram o menino Daniel.
Ambas sofrem de problemas mentais, segundo a família. A sobrinha, Mariazinha, afirmou que, no dia da morte do garoto, foi chamada com outras duas irmãs para ver o corpo de Daniel, ainda no hospital. "Não achei parecido com ele não. Estava inchado demais pra quem tinha acabado de morrer. Mas como o médico falou que era o corpo dele, eu e minhas irmãs acreditamos", contou, sem lembrar o nome do médico.
De acordo com a família, a notificação de óbito foi assinada por uma enfermeira. O nome dela e a documentação da época estão sendo averiguados pelo IJF. Conforme a Assessoria de Imprensa do hospital, o prontuário foi encontrado. Daniel deu entrada no hospital às 17h, do dia 29 de setembro, vindo do hospital de Canindé.
Apresentava 18% do corpo com queimaduras de 2º e 3º grau, com diagnóstico de grande queimadura (o mesmo que queimaduras graves), por conta da explosão de um cilindro de oxigênio em uma oficina perto da casa do garoto, em Lagoa do Mato.
O menino passou por quatro procedimentos denominados "terapias cirúrgicas", nos dias 30 de setembro, primeiro, quatro e seis de outubro. Na madrugada do dia oito, ele foi transferido do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde morreu, às 7h15 da manhã. O prontuário não está assinado por nenhum médico ou enfermeiro, informou a Assessoria de Imprensa.
Após a constatação do óbito, a mãe de Daniel disse que recebeu a recomendação de não abrir o caixão. "Eles colocaram o corpo todo enrolado no caixão e não era para abrir de forma alguma, mas como o garoto era meu filho resolvi abrir e foi aí que tive essa surpresa. Não era meu filho", confirmou Maria Laura, também conhecida como "Loura", em Lagoa do Mato. A confusão começou quando uma mulher chamada Cristina, namorada do caminhoneiro Ivan, e residente da cidade de Araçoiaba da Serra (SP), solicitou, por telefone, ao cartório de Lagoa do Mato, a 2ª via da certidão de nascimento de Daniel, para matricular o garoto, hoje com 15 anos, em uma escola no interior de São Paulo. Ela chegou a enviar R$ 35 para pagar as despesas com o despacho. Ontem, Cristina negou tudo à Rede TV, em São Paulo. Ela se recusou gravar entrevista, mas afirmou que Daniel está morto.

Dúvida
"Não achei parecido com ele não. Estava muito inchado. Mas como o médico disse que era ele, acreditei"
Ana Maria XimenesTia do menino Daniel Prado

ILO SANTIAGO JR.REPÓRTER
BUSCA

Prefeitura de Itatira acompanha caso

A família do garoto Daniel diz estar ansiosa por informações e tem esperança que o filho esteja com vida em SP

Canindé. O cerco está se fechando em torno da busca pelo garoto Francisco Daniel Alves Prado, que foi dado como morto e há denúncias de que estaria vivo na cidade de Araçoiaba da Serra, no interior de São Paulo. A família não mede esforços e busca ajuda em todos os setores públicos para desvendar o caso.

A mãe, Maria Laura Alves Prado, disse que falou com o vice-prefeito de Itatira, Paulo Ruberto, e este já garantiu que irá pedir apoio ao Governo do Estado para localizar o menor na cidade paulista.

Ontem a família compareceu à Delegacia Regional de Polícia Civil de Canindé para dar ciência do caso ao delegado regional, Dionisio Paz, e a partir daí começar o processo de investigação. "Não vai parar, vamos em busca de apoio em todos os setores do Brasil, se o Daniel estiver vivo ele volta para o ceio de sua mãe", avisa o tio Vandery Alves Amorim.

O prefeito de Itatira, José Dival, afirmou que está apoiando a luta da família. "Vamos colocar à disposição dos familiares do Daniel toda a nossa estrutura para que se esclareça o caso. Se o garoto estiver vivo, vamos fazer todos os esforços para encontrá-lo", garante o prefeito. Por telefone, de Brasília, o vice-prefeito, Paulo Ruberto, disse que buscará apoio do Governo do Estado e de parlamentares para ajudar na localização de Daniel.

"Colocamos à disposição dos familiares um advogado para acompanhar o caso. Vamos pedir ao secretário de Segurança Pública, José Bezerra, o seu apoio para que mande uma equipe até São Paulo para investigar tudo. Agora é uma questão de honra nossa, se o garoto está vivo, tem que retornar para a sua cidade natal e voltar a conviver com seus conterrâneos, afinal, ele tem origem, e quem tem origem precisa ser respeitado", afirmou Paulo Ruberto. Ele adiantou ainda que vai acompanhar todo o processo em todas as instâncias.

Coincidência
No semblante da mãe, nota-se a ansiedade por informações. "Essa mulher (Cristina) que diz conhecer o caminhoneiro que levou Daniel para São Paulo não iria pedir no Cartório uma documentação para matricular uma pessoa na escola, sem antes ter a certeza que a certidão estaria no Município de Itatira. Todas as informações que foram pedidas batem com os dados do meu filho, do meu esposo e até a data de nascimento era de Daniel, que nasceu no dia 29 de março de 1995, às 00:35 minutos em Lagoa do Mato", explica dona Maria Laura.

A chefe do cartório de Lagoa do Mato, Antônia Geni Pinto Lobo Menezes, afirma que existem muitas coincidências no pedido da documentação. "Estou torcendo para que a família do garoto Daniel possa ter um final feliz nessa luta. Seria sem dúvida um grande presente para a dona Laura, que tem sofrido bastante com tudo isso", afirma.

ANTÔNIO CARLOS ALVESCOLABORADOR

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