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| Alan Garcia recorre ao hino para explicar baixa popularidade (AFP/EITAN ABRAMOVICH) |
Em nome de um país mais “otimista’’ e com “visão de futuro’’, o governo do Peru estabeleceu uma diretriz nas escolas: os alunos devem esquecer a primeira estrofe do Hino Nacional para entoar com “fervor patriótico’’ apenas a sexta estrofe e o refrão.
O excerto vetado -não aparece nem na página da Presidência - incomoda o governo e alguns estudiosos porque canta um peruano “condenado a uma cruel servidão’’ que “durante muito tempo em silêncio gemeu’’. Como arremate, a estrofe fala em “sacudir a indolência do escravo’’.
Para não seguir repetindo uma letra que “destaca submissão e resignação’’, o vice-ministro de Coordenação Pedagógica, Idel Vexler, lançou a campanha pela mudança em agosto passado. Um ano antes, o Ministério da Defesa já tinha ordenado a mudança em seus eventos, causando certa confusão na audiência -daí a ofensiva educativa.
Não é a primeira vez que se tenta mudar o hino, mas as iniciativas anteriores fracassaram, e a atual tampouco é unanimemente aceita.
Tentativas
Não é a primeira vez que se tenta mudar o hino, mas as iniciativas anteriores fracassaram, e a atual tampouco é unanimemente aceita. Críticos da medida citam decisão do Tribunal Constitucional peruano, de 2005, que estabeleceu que a primeira estrofe era “apócrifa’’, mas deveria continuar porque estava consagrada pelo uso popular.
O tribunal também afirmou que uma outra estrofe - que criticava duramente a Espanha - havia sido suprimida e por isso deveria ser reintegrada.
Já para o consultor Julio César Rivera Dávalos, que há mais de duas décadas se dedica à causa da mudança do hino, a campanha é positiva, mas apenas “um paliativo’’.
“Fico alegre porque o governo reconhece que há um problema com o hino, que incide na baixa autoestima do peruano e passa uma mensagem de pessimismo e desintegração’’, disse Rivera, autor de “El Poder de un Símbolo Patrio’’ (“O poder de um símbolo pátrio’’, San Marcos, 2008).
A discussão da “peruanidade’’, suas causas e efeitos, está na ordem do dia, e não apenas por causa do hino.
Foi citada pelo presidente Alan García, que deixa o cargo em julho, para explicar por que, apesar do crescimento recorde da economia peruana, sua popularidade não passa dos 30%. “Somos como somos, tristões, desconfiados, sofremos uma invasão brutal... [...] O senhor me pergunta por que nosso povo me concede baixa aceitação. Assim é o nosso povo’’, afirmou.
Porquê
ENTENDA A NOTÍCIA
O governo peruano concluiu que a letra do hino nacional exprime sentimento de resignação e submissão. A letra do hino brasileiro é apresentada como exemplo, por ressaltar belezas naturais e o lado positivo do país.

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