Condenados a muitos anos de cadeia, bandidos integrantes de quadrilhas locais e interestaduais permanecem à solta |
Ladrões de bancos, assaltantes de carros-fortes, latrocidas e assassinos de policiais. Bandidos considerados de alta periculosidade, foragidos das unidades prisionais do Estado do Ceará desafiam as autoridades. Permanecem à solta, muito embora a Polícia tente recapturá-los por meio de um trabalho sigiloso de inteligência. A ousadia e o poder de fogo dos criminosos, porém, parece não ter limites.
Prova disso, foi o que aconteceu na tarde do último dia 5, quando um grupo armado entrou em confronto com a Polícia Militar e resgatou uma dezena de detentos do Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira II, no Município de Itaitinga.
Banco
Muito embora dez presos tenham conseguido escapar, a Polícia está certa de que o plano de fuga estava direcionado especificamente para tirar da cadeia alguns dos envolvidos no maior furto a banco já registrado no País, o ataque ao Banco Central em Fortaleza, em agosto de 2005, quando foram levados da casa-forte do BC a quantia de R$ 164,8 milhões.
A fuga do assaltante Marcos Rogério Machado de Morais, o ´Rogério Bocão´, foi considerada uma das mais ousadas já registradas no Sistema Penal do Ceará. Pelo menos, dez armas de fogo ´entraram´ no presídio de forma misteriosa e que está sendo objeto de uma investigação policial. O inquérito policial sobre a fuga tramita na Delegacia Metropolitana de Itaitinga (DMI), está na fase inicial, mas já há indícios claros de facilitação por parte de agentes públicos (corrupção). Além disso, o fato expôs a fragilidade da segurança nestas unidades e a comprovação de que os presos de maior poder aquisitivo gozavam de regalias na cadeia.
Perigosos
Além de ´Rogério Bocão´, outros condenados pelo furto milionário no BC ganharam a rua. Outro perigoso bandido que conseguiu deixar o IPPOO II foi o assaltante de bancos Alexandre de Souza Ribeiro, o ´Alex Gardenal´, tido como um dos mais ousados assaltantes de carros-fortes.
Consórcio
Segundo apurou a Polícia Civil, ele esteve à frente de uma organização criminosa que teria montado um esquema batizado de ´consórcio da morte´, no qual a quadrilha arrecadava dinheiro, mesmo estando presa. Os valores eram repassados a assassinos que estavam à solta como pagamento antecipado para que eles matassem policiais e agentes penitenciários, por vingança ou ´acerto de contas´.
Um agente prisional do Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS) foi fuzilado por ordem do ´consórcio´, e ´Alex Gardenal´ acabou indiciado pelo crime.
SEM CULPADOS
Fuga de assaltante ainda é misteriosa
O bandido ´Fabinho da Pavuna´ conseguiu escapar da ala de segurança máxima do IPPS há oito meses
Madrugada do dia 21 de agosto do ano passado. Na ´Selva de Pedra´, ala de segurança máxima do Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), em Aquiraz (27Km de Fortaleza), uma estranha movimentação chamou a atenção dos agentes prisionais. Na manhã seguinte, a notícia soou como uma ´bomba´ no Sistema Penal. Dois bandidos considerados de altíssima periculosidade haviam escapado dali.
O assaltante de bancos e de carros-fortes Francisco Fabiano da Silva Aquino, o ´Fabinho da Pavuna´; e o sequestrador Francisco Márcio Teixeira Perdigão conseguiram fugir daquela que já foi considerada a unidade penitenciária cearense mais segura. Agora, o ´velho´ IPPS está em processo de desativação.
Esvaziar
O IPPS já chegou a abrigar quase 1.600 homens, sua fase mais aguda de superlotação, hoje, tem em torno de 700 internos e deverá ser completamente esvaziado até o ano que vem. A nova penitenciária do Estado, que está sendo construída no Município de Itaitinga, deverá absorver a massa carcerária do IPPS.
Seis meses após o misterioso ´desaparecimento´ de ´Fabinho da Pavuna´ da cadeia, ninguém foi responsabilizado pelo ato. O inquérito policial instaurado para apurar o caso foi encaminhado à Justiça sem indiciamento. O delegado responsável pelo caso chegou a ouvir todos os policiais militares e agentes prisionais que estavam de serviço no dia da fuga do assaltante. Foi pedida a quebra de sigilo telefônico dos servidores suspeitos, mas a conclusão das investigações ainda não aconteceu.
Outra
Com o resgate de presos ocorrido no IPPOO II, na tarde do último dia 5, outra investigação foi aberta pelas autoridades do Estado. Na Polícia Civil, foi instaurado inquérito através da Delegacia Metropolitana de Itaitinga. No âmbito da Secretaria da Justiça e da Cidadania (Sejus), uma sindicância está sendo tocada pela Coordenadoria do Sistema Penitenciário (Cosipe). No inquérito presidido pelo delegado Sidney Furtado Ribeiro, vários depoimentos já foram tomados. Entre eles, o de dois advogados que estavam no IPPOO II no momento em que os agentes prisionais foram tomados como reféns nas galerias daquela unidade. Para surpresa dos funcionários, os detentos estavam armados com revólveres e pistolas. Do lado de fora da cadeia, outro grupo encarregava-se de trocar tiros com os policiais militares que faziam a segurança nas guaritas da muralha.
META
Inteligência para monitorar cadeias
Nova titular da Sejus traça planos para tornar o Sistema Penal menos vulnerável aos ataques do crime organizado
Um sistema de inteligência capaz de se antecipar aos fatos, levantando pistas de planos de fuga ou rebeliões, identificando a entrada de armas e drogas nos presídios e cadeias públicas, e também detectando a existência de esquemas de corrupção no corpo funcional das unidades penais.
Este é um dos planos que a nova secretária da Justiça e Cidadania do Estado do Ceará, defensora pública Mariana Lobo, pretende colocar em prática no âmbito do Sistema Penal cearense. A ´inteligência´ seria, assim, uma das principais ferramentas para reverter o atual quadro de insegurança e tensão dentro das cadeias estaduais.
Pouco
Mas, para a classe dos agentes penitenciários, a situação somente poderá se estabilizar quando o Governo do Estado resolver ampliar o atual quadro de agentes, já que os presídios apresentam ´inchaço´. A superlotação, a ociosidade dos internos e a fragilidade dos mecanismos de segurança são apontados como ingredientes do caldeirão pronto a explodir a qualquer momento nas cadeias.
Cerca de 15 presidiários formam a massa carcerária do Estado do Ceará. Em contrapartida são pouco mais de 700 agentes para manter a segurança interna dos presídios. A eles, cabe a tarefa de fazer a vigilância no interior das Casas de Custódia, presídios, penitenciárias, colônias penais e dos dois hospitais ligados à Secretaria da Justiça (Sejus). Muitos afirmam que estão ameaçados de morte.
Outro plano anunciado por Mariana Lobo para a sua gestão à frente da Sejus é a realização de um censo no Sistema Penal, que produziria uma espécie de perfil do detento cearense.
Este perfil poderia ser considerado importante na hora de decidir para onde encaminhar o preso quando este chegasse ao sistema carcerário.
Banco
Muito embora dez presos tenham conseguido escapar, a Polícia está certa de que o plano de fuga estava direcionado especificamente para tirar da cadeia alguns dos envolvidos no maior furto a banco já registrado no País, o ataque ao Banco Central em Fortaleza, em agosto de 2005, quando foram levados da casa-forte do BC a quantia de R$ 164,8 milhões.
A fuga do assaltante Marcos Rogério Machado de Morais, o ´Rogério Bocão´, foi considerada uma das mais ousadas já registradas no Sistema Penal do Ceará. Pelo menos, dez armas de fogo ´entraram´ no presídio de forma misteriosa e que está sendo objeto de uma investigação policial. O inquérito policial sobre a fuga tramita na Delegacia Metropolitana de Itaitinga (DMI), está na fase inicial, mas já há indícios claros de facilitação por parte de agentes públicos (corrupção). Além disso, o fato expôs a fragilidade da segurança nestas unidades e a comprovação de que os presos de maior poder aquisitivo gozavam de regalias na cadeia.
Perigosos
Além de ´Rogério Bocão´, outros condenados pelo furto milionário no BC ganharam a rua. Outro perigoso bandido que conseguiu deixar o IPPOO II foi o assaltante de bancos Alexandre de Souza Ribeiro, o ´Alex Gardenal´, tido como um dos mais ousados assaltantes de carros-fortes.
Consórcio
Segundo apurou a Polícia Civil, ele esteve à frente de uma organização criminosa que teria montado um esquema batizado de ´consórcio da morte´, no qual a quadrilha arrecadava dinheiro, mesmo estando presa. Os valores eram repassados a assassinos que estavam à solta como pagamento antecipado para que eles matassem policiais e agentes penitenciários, por vingança ou ´acerto de contas´.
Um agente prisional do Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS) foi fuzilado por ordem do ´consórcio´, e ´Alex Gardenal´ acabou indiciado pelo crime.
SEM CULPADOS
Fuga de assaltante ainda é misteriosa
O bandido ´Fabinho da Pavuna´ conseguiu escapar da ala de segurança máxima do IPPS há oito meses
Madrugada do dia 21 de agosto do ano passado. Na ´Selva de Pedra´, ala de segurança máxima do Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), em Aquiraz (27Km de Fortaleza), uma estranha movimentação chamou a atenção dos agentes prisionais. Na manhã seguinte, a notícia soou como uma ´bomba´ no Sistema Penal. Dois bandidos considerados de altíssima periculosidade haviam escapado dali.
O assaltante de bancos e de carros-fortes Francisco Fabiano da Silva Aquino, o ´Fabinho da Pavuna´; e o sequestrador Francisco Márcio Teixeira Perdigão conseguiram fugir daquela que já foi considerada a unidade penitenciária cearense mais segura. Agora, o ´velho´ IPPS está em processo de desativação.
Esvaziar
O IPPS já chegou a abrigar quase 1.600 homens, sua fase mais aguda de superlotação, hoje, tem em torno de 700 internos e deverá ser completamente esvaziado até o ano que vem. A nova penitenciária do Estado, que está sendo construída no Município de Itaitinga, deverá absorver a massa carcerária do IPPS.
Seis meses após o misterioso ´desaparecimento´ de ´Fabinho da Pavuna´ da cadeia, ninguém foi responsabilizado pelo ato. O inquérito policial instaurado para apurar o caso foi encaminhado à Justiça sem indiciamento. O delegado responsável pelo caso chegou a ouvir todos os policiais militares e agentes prisionais que estavam de serviço no dia da fuga do assaltante. Foi pedida a quebra de sigilo telefônico dos servidores suspeitos, mas a conclusão das investigações ainda não aconteceu.
Outra
Com o resgate de presos ocorrido no IPPOO II, na tarde do último dia 5, outra investigação foi aberta pelas autoridades do Estado. Na Polícia Civil, foi instaurado inquérito através da Delegacia Metropolitana de Itaitinga. No âmbito da Secretaria da Justiça e da Cidadania (Sejus), uma sindicância está sendo tocada pela Coordenadoria do Sistema Penitenciário (Cosipe). No inquérito presidido pelo delegado Sidney Furtado Ribeiro, vários depoimentos já foram tomados. Entre eles, o de dois advogados que estavam no IPPOO II no momento em que os agentes prisionais foram tomados como reféns nas galerias daquela unidade. Para surpresa dos funcionários, os detentos estavam armados com revólveres e pistolas. Do lado de fora da cadeia, outro grupo encarregava-se de trocar tiros com os policiais militares que faziam a segurança nas guaritas da muralha.
META
Inteligência para monitorar cadeias
Nova titular da Sejus traça planos para tornar o Sistema Penal menos vulnerável aos ataques do crime organizado
Um sistema de inteligência capaz de se antecipar aos fatos, levantando pistas de planos de fuga ou rebeliões, identificando a entrada de armas e drogas nos presídios e cadeias públicas, e também detectando a existência de esquemas de corrupção no corpo funcional das unidades penais.
Este é um dos planos que a nova secretária da Justiça e Cidadania do Estado do Ceará, defensora pública Mariana Lobo, pretende colocar em prática no âmbito do Sistema Penal cearense. A ´inteligência´ seria, assim, uma das principais ferramentas para reverter o atual quadro de insegurança e tensão dentro das cadeias estaduais.
Pouco
Mas, para a classe dos agentes penitenciários, a situação somente poderá se estabilizar quando o Governo do Estado resolver ampliar o atual quadro de agentes, já que os presídios apresentam ´inchaço´. A superlotação, a ociosidade dos internos e a fragilidade dos mecanismos de segurança são apontados como ingredientes do caldeirão pronto a explodir a qualquer momento nas cadeias.
Cerca de 15 presidiários formam a massa carcerária do Estado do Ceará. Em contrapartida são pouco mais de 700 agentes para manter a segurança interna dos presídios. A eles, cabe a tarefa de fazer a vigilância no interior das Casas de Custódia, presídios, penitenciárias, colônias penais e dos dois hospitais ligados à Secretaria da Justiça (Sejus). Muitos afirmam que estão ameaçados de morte.
Outro plano anunciado por Mariana Lobo para a sua gestão à frente da Sejus é a realização de um censo no Sistema Penal, que produziria uma espécie de perfil do detento cearense.
Este perfil poderia ser considerado importante na hora de decidir para onde encaminhar o preso quando este chegasse ao sistema carcerário.
FERNANDO RIBEIROEDITOR DE POLÍCIA
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