Domitila Andrade
domitilaandrade@opovo.com.br
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O último desfile do segundo dia do São Paulo Fashion Week teve seu momento ápice quando a delicada Lea T. pisou na passarela usando um vestido escuro e longo de mangas rendadas por cima do amarelo enxofre. Enquanto ela percorria suavemente o caminho aberto entre as rochas do cenário, aplausos discretos a seguiam. Apesar de já ter figurado nas principais revistas de moda europeias, esse foi o primeiro trabalho como modelo que a transexual brasileira fez no País.
Alexandre Herchcovitch a convidou e ela, apesar de ressentida com os boatos de que foi vítima no ano passado, resolveu vir ao Brasil. “Só voltaria por um motivo muito bom. Quando o convite do Herchcovitch chegou, tive o motivo”, declarou em entrevista recente. Lea T. foi a estrela principal da coleção feminina outono-inverno 2011, inspirada no universo mineral e nos fenômenos naturais, e contrasta a feracidade com a leveza de materiais como a seda.
Alexandre Herchcovitch a convidou e ela, apesar de ressentida com os boatos de que foi vítima no ano passado, resolveu vir ao Brasil. “Só voltaria por um motivo muito bom. Quando o convite do Herchcovitch chegou, tive o motivo”, declarou em entrevista recente. Lea T. foi a estrela principal da coleção feminina outono-inverno 2011, inspirada no universo mineral e nos fenômenos naturais, e contrasta a feracidade com a leveza de materiais como a seda.
Na plateia, Lea T. tinha os passos seguidos com atenção pelo irmão Gustavo Medeiros, que a assistia desfilar pela primeira vez. “Estou muito orgulhoso. Ela sempre quis trabalhar nesse meio e merece o reconhecimento por seu esforço”, disse. Além da família Lea ainda recebeu a torcida das purpurinadas Salete Campari, Márcia Pantera e Bianca Exótica, que a conheceu em Milão.
Nascida Leandro Cerezo, filha do ex-jogador e técnico brasileiro de futebol Toninho Cerezo, a mineira Lea cresceu em Gênova, na Itália. Foi para lá por conta do trabalho do pai, com apenas um ano de idade. Hoje, aos 28, está na lista do site Models.com como uma das 40 mais importantes top models do mundo, foi considerada pelo jornal britânico The Guardian “a primeira supermodel transexual” de destaque, e é agenciada em Milão, Nova York, Paris e São Paulo, os principais centros fashion.
Lea viu a vida dar uma guinada quando, em 2010, foi fotografada pela dupla Mert Alas & Marcus Piggott para a campanha andrógina da grife de luxo francesa Givenchy. Ela já trabalhava na grife como assistente e modelo de prova do diretor criativo Riccardo Tisci. Os dois são grandes amigos há onze anos, quando ele ainda não era o badalado estilista. E o “T” que Lea carrega como sobrenome é de Tisci.
Sobre a campanha que casou buchicho no mundo fashion, Tisci declarou que tem relação próxima com muitas trans e que uma hora uma delas iria aparecer. “Disseram que sou corajoso. Espero que a mensagem chegue claramente em apoio à comunidade trans, mas sobretudo espero que Lea encontre a felicidade e o sucesso que merece”, disse.
Depois da campanha, Lea concedeu uma entrevista à Vanity Fair italiana e a Vogue francesa publicou um perfil da modelo, que aparecia em uma foto nua com a púbis encoberta por uma das mãos. A foto correu o mundo e junto com ela boatos de que Lea seria renegada pela família. “Escreveram em sites e jornais, no Brasil, que meu pai me odiava, que tinha nojo de mim. Isso é mentira. Eu amo o meu pai, e ele me ama. Não é fácil pra ele entender as escolhas que fiz para a minha vida, mas são dificuldades que enfrentamos com amor”, disse.
Em tratamento hormonal e psicológico para fazer a operação de mudança definitiva de sexo, Lea T. falou para revista italiana sobre os preconceitos sofridos todos os dias e as dificuldades de conseguir um emprego que não esteja relacionado com a prostituição. “A maior parte das trans é prostituta porque não tem outra escolha. Muitas são tão desesperadas que se tornam trans porque sabem que assim ganharão mais. Devastam seu corpo e sua identidade por fome, vítimas da miséria e do preconceito”, explica.
Lea T. e a discussão sobre transexuais e transgêneros estão em alta. Prova disso é que, além de it girl de Tisci e musa de Herchcovitch, ela é capa da edição de janeiro revista britânica Love, em que aparece beijando a modelo Kate Moss, e ainda estará na última temporada do programa de entrevistas de Oprah Winfrey, ainda este mês. “Nunca imaginei que me tornar modelo teria tanta repercussão. Se isso muda um pouco, não só a moda, mas o mundo, já é muito”, comemora a bela.
Nascida Leandro Cerezo, filha do ex-jogador e técnico brasileiro de futebol Toninho Cerezo, a mineira Lea cresceu em Gênova, na Itália. Foi para lá por conta do trabalho do pai, com apenas um ano de idade. Hoje, aos 28, está na lista do site Models.com como uma das 40 mais importantes top models do mundo, foi considerada pelo jornal britânico The Guardian “a primeira supermodel transexual” de destaque, e é agenciada em Milão, Nova York, Paris e São Paulo, os principais centros fashion.
Lea viu a vida dar uma guinada quando, em 2010, foi fotografada pela dupla Mert Alas & Marcus Piggott para a campanha andrógina da grife de luxo francesa Givenchy. Ela já trabalhava na grife como assistente e modelo de prova do diretor criativo Riccardo Tisci. Os dois são grandes amigos há onze anos, quando ele ainda não era o badalado estilista. E o “T” que Lea carrega como sobrenome é de Tisci.
Sobre a campanha que casou buchicho no mundo fashion, Tisci declarou que tem relação próxima com muitas trans e que uma hora uma delas iria aparecer. “Disseram que sou corajoso. Espero que a mensagem chegue claramente em apoio à comunidade trans, mas sobretudo espero que Lea encontre a felicidade e o sucesso que merece”, disse.
Depois da campanha, Lea concedeu uma entrevista à Vanity Fair italiana e a Vogue francesa publicou um perfil da modelo, que aparecia em uma foto nua com a púbis encoberta por uma das mãos. A foto correu o mundo e junto com ela boatos de que Lea seria renegada pela família. “Escreveram em sites e jornais, no Brasil, que meu pai me odiava, que tinha nojo de mim. Isso é mentira. Eu amo o meu pai, e ele me ama. Não é fácil pra ele entender as escolhas que fiz para a minha vida, mas são dificuldades que enfrentamos com amor”, disse.
Em tratamento hormonal e psicológico para fazer a operação de mudança definitiva de sexo, Lea T. falou para revista italiana sobre os preconceitos sofridos todos os dias e as dificuldades de conseguir um emprego que não esteja relacionado com a prostituição. “A maior parte das trans é prostituta porque não tem outra escolha. Muitas são tão desesperadas que se tornam trans porque sabem que assim ganharão mais. Devastam seu corpo e sua identidade por fome, vítimas da miséria e do preconceito”, explica.
Lea T. e a discussão sobre transexuais e transgêneros estão em alta. Prova disso é que, além de it girl de Tisci e musa de Herchcovitch, ela é capa da edição de janeiro revista britânica Love, em que aparece beijando a modelo Kate Moss, e ainda estará na última temporada do programa de entrevistas de Oprah Winfrey, ainda este mês. “Nunca imaginei que me tornar modelo teria tanta repercussão. Se isso muda um pouco, não só a moda, mas o mundo, já é muito”, comemora a bela.
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