Um sopro de vida (conectado)

Nona causa de ingresso hospitalar e quarta em mortalidade por enfermidades infecciosas no Brasil, a tuberculose vem aumentando, principalmente associada à epidemia da Aids, ao aumento da pobreza e a condições de moradia inadequadas. Para melhorar o diagnóstico da doença, contagiosa e grave, a Coppe/UFRJ em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desenvolveu o sistema Neural TB para diagnóstico precoce e acompanhamento da doença.

O projeto piloto tem apoio do Programa Nacional de Controle de Tuberculose do Ministério da Saúde, e está sendo implantado em dez unidades de saúde do Rio de Janeiro e em outros cinco municípios no País. O programa roda em um netbook e consiste em um questionário minucioso que, preenchido, dará ao profissional de saúde a informação sobre a probabilidade do paciente ter TB.

“Os métodos tradicionais de detecção ou são caros ou lentos. A baciloscopia é rápida, mas só acerta 60% dos casos. Já a cultura do escarro, que tem acerto superior a 80%, leva 40 dias para ficar pronto. Esse sistema traz duas informações importantes: a probabilidade de a pessoa estar ou não com tuberculose e a qual grupo de risco ela está associada, de acordo com a prevalência dos sintomas que tem”, diz o professor de engenharia elétrica da Coppe e um dos responsáveis pelo sistema, José Manuel Seixas. 

Tratamento

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de um terço da população mundial pode estar infectada com o bacilo da tuberculose e o Brasil é um dos 22 países do mundo que concentram 80% dos casos de tuberculose. A quantidade de doentes torna impossível ter infraestrutura para que todos os pacientes com suspeita da doença façam o exame de cultura do escarro. 

O sistema traz ainda outra vantagem, porque permite o acompanhamento de todos os pacientes diagnosticados e possibilita aos agentes de saúde uma observação mais próxima do tratamento de cada um deles. “Um dos maiores problemas da tuberculose, é que o doente precisa completar o tratamento, que dura aproximadamente seis meses. Essa é uma forma de evitar que depois que ele se sinta melhor, ele abandone o tratamento, o que pode gerar um bacilo de tuberculose mais resistente”, afirma.

Com os dados sobre os pacientes, é possível ainda traçar as ações prioritárias de saúde, já que os agentes de saúde terão informações precisas sobre os locais de prevalência da doença, as idades e perfis dos pacientes. “Todas as ações educativas, preventivas e de tratamento podem se basear nessas informações. Cada sítio pode acompanhar a evolução da doença.” (Da agência Estado)

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA
A tuberculose é uma doença infecto-contagiosa causada por uma bactéria que afeta principalmente os pulmões, mas, também pode ocorrer em outros órgãos do corpo. O tratamento, à base de antibióticos, é 100% eficaz.
NÚMEROS
1/3
DA POPULAÇÃO MUNDIAL
pode estar infectada com o bacilo da tuberculose, segundo a OMS

60%
DE ACERTO NO DIAGNÓSTICO
é a média da baciloscopia

40
DIAS
é o prazo para sair o resultado de um dos métodos tradicionais de detecção, a cultura do escarro