domingo, 23 de janeiro de 2011

Cid ao contrário de Tasso

Cid e Tasso: Diferentes no trato com aliados e adversários

Quando governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB) mantinha uma relação amistosa com suas bancadas de apoio na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional. Porém, era uma relação fria e distante. O tucano não costumava manter interlocução direta com sua base parlamentar. Os mais isolados eram os deputados federais. Ninguém recebia as credenciais do tucano para articular interesses do Ceará em Brasília.
 A força política de Tasso não vinha de um grupo político amplo e coeso, mas sim do próprio mandato de governador, que tinha apoio popular. O tucano não construiu em torno de si um feixe de fidelidades políticas. Confiou apenas na sua relação com Ciro Gomes, que no momento mais delicado de Tasso (as eleições de 2010), não teve condições de bancar o apoio. Está aí um dos motivos que explicam a derrota de Tasso na última disputa de senador. O tucano não tinha forças políticas lhe apoiando. A derrota veio a galope. Até aqui, Cid Gomes (PSB) trilha trajetória inversa.

COMO MANTER A BASE COESA
Político profissional, Cid Gomes vem mantendo uma relação com as bancadas parlamentares sem referência na história recente do Ceará. Além do diálogo permanente e acesso fácil, o governador tem adotado medidas que muito agradam a sua base de apoio. É o caso da inusitada (para não dizer polêmica) instituição da cota parlamentar no orçamento do Estado.
Essa medida, diga-se de passagem, agrada até a deputados que não lhe dão apoio integral ou se colocam como opositores.
A integração com os aliados se estende, é claro, aos interesses partidários. Na hora de compor o secretariado, o governador observa as conveniências e variáveis políticas. A convocação de deputados estaduais para compor o secretariado abrindo vagas para suplentes, por exemplo, é feita com extrema meticulosidade.

PARA A ALIANÇA FICAR INTACTA
Outro aspecto é a articulação política que embasa a ocupação de cargos na estrutura do Governo Federal. Cid Gomes comanda esse processo em absoluto acordo com a representação parlamentar aliada em Brasília. O governador reúne a bancada, acerta os compromissos e promove as indicações. Estão aí os casos que envolvem as indicações para o BNB e para o Dnocs. Os nomes são consensuais e respeitam a lógica política da aliança. Tudo isso sugere que a ideia do governador é manter intacta a aliança que o cerca. Certamente passa pela cabeça de Cid o projeto de chegar em 2014 com sua aliança sem desfalques para garantir a reeleição da bancada, a eleição do senador e, principalmente, eleger o seu sucessor. Não devemos esquecer que a manutenção dessa aliança passa pela disputa municipal de 2012. Mais propriamente, a eleição de Fortaleza.
A MÃE DAS REFORMAS
Notícia divulgada pelo Congresso em Foco: “Apontada como prioridade de Dilma Rousseff, a reforma política agora conta com o apoio também do novo Congresso. É o que revela pesquisa do Instituto FSB... 66% deles estabeleceram a reforma como tema prioritário para o primeiro semestre. Aposta: se o projeto não andar até setembro, esqueçamos.
Depois disso os interesses se voltam para as eleições de 2012.


Fábio Campos
fabiocampos@opovo.com.br

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