Marcos Leite é empresário de papais noéis em Fortaleza há 11 anos. No total são 13 bons velhinhos (RAFAEL CAVALCANTE)
A maioria não se antecipou aos fatos. Quando deu por si, acordou um dia Papai Noel. A barba crescida, o barrigão arredondado e a pose perfeita para as lembranças de família. Tudo ali, diante do espelho. Não importa a profissão habitual do sujeito: administrador de empresas, consertador de relógios na praça, marmoreiro, ator ou aposentado.
Em dezembro cai tudo por terra, o homem entra pra família dos Noel e vai distribuir aquele olhar 43 por cima dos óculos de aro dourado para os flashes dezembristas.
“Trabalhava administrando uma empresa na época. Nós fazíamos os natais num orfanato e, nesse ano, esquecemos do Papai Noel. Foi quando incorporei a missão”, relembra Marcelo Rodrigues, 47, do clã polo-nortista há nove anos.
Há dois, deixa Curitiba, no Paraná, ainda em outubro, para aterrissar em Fortaleza e se hospedar na casa dos bons velhinhos, sob vistas do empresário do Papai Noel, o senhor Marcos Leite.
Marcelo atende às crianças onde lhe chamam, depois volta pra sua terra fria, quando pode tirar a barba e não ser reconhecido por ninguém o ano inteiro.
Marcos está no ramo da magia natalina há 11 anos, gerenciando esses senhores mitológicos no Ceará num vai e vem de estados: Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro. “Trabalho com os originais. As crianças puxam a barba e não se sentem enganadas. Eles vêm de fora porque aqui é difícil encontrar”, explica-se.
Da equipe dos 13 pares de bochechas rosadas orientadas pelo cearense, apenas três são conterrâneos. Olhando o italiano Benedetto Sanfilippo, 66, a reportagem compreende a predileção pelo artigo importado. O cidadão parece saído dos reclames natalinos da Coca-Cola.
Pergunta de criança
“Papai Noel, onde você mora faz muito frio?”, questionam os olhos bilados da criança já toda entregue no colo do velhinho. “Faz!”, é a resposta. “E como é o frio, hein, Papai Noel?”, argui o bacurim cearense acostumado a nossos 35º de sombra. “É como quando você coloca a cabeça dentro do freezer, meu filho”, saiu-se Benedetto, um pouco encabulado.
Esse é o tipo de saia justa que preocupa o agente dos Noéis. “Por isso quando fazemos a seleção, não importa apenas a aparência, mas principalmente o trato com as crianças e a sensibilidade”, ri-se Marcos Leite. E o italiano barrigudo completa: “Se você soubesse o poder que tem uma criança com suas perguntas...”.
Quem
ENTENDA A NOTÍCIA
Há quem lhe acuse de roubar os louros do menino Jesus no Natal, há quem não queira os filhos acreditando nas ‘lendas comerciais’ de fins de ano, mas Papai Noel não se abala. Desfila o carisma e garante: “Levo mais amor às famílias”.
MAIS HISTÓRIAS DE NOÉIS
Quanto às barbas artificiais, José Uédson Campelo, o Noel da Praça
do Ferreira, defende: “Alguns contratantes não gostam (de barbas verdadeiras). Não acham higiênico”.
do Ferreira, defende: “Alguns contratantes não gostam (de barbas verdadeiras). Não acham higiênico”.
José é outro gerenciador de Noéis. Ator no restante do ano, ele começou divertindo o Natal na própria casa, depois tomou gosto e, desde então, já se passaram 15 anos.
Quer contratar um Papai Noel? O telefone de contato da Agência Scitus, a de Marcos Leite, é: 85 9952 5966. Já o telefone do Uédson Campelo, do Grupo Animação & Cia, é: 85 8841 5947.
Quer contratar um Papai Noel? O telefone de contato da Agência Scitus, a de Marcos Leite, é: 85 9952 5966. Já o telefone do Uédson Campelo, do Grupo Animação & Cia, é: 85 8841 5947.
SAIBA MAIS
Sobre lendas e disciplina
São Nicolau nasceu em Pátara, na Ásia Menor, no ano de 275. Entrou para vida religiosa e como sacerdote exerceu o ministério de Mira, onde chegou a arcebispo.
Certa vez, ao saber que um pai estava, pela miséria financeira, coagindo suas filhas à prostituição, lançou sobre a janela sacos de ouro nos valores próprios para os dotes.
O Papai Noel da página ao lado (página 3) traduz a história assim: “São Nicolau era muito caridoso. Um dia, o compadre dele tava com necessidades. Ele ficou sabendo e deu a ele de presente o que ele precisava”. Faz sentido.
Mas, na hora de conversar com os meninos, Benedetto não arrisca contar lendas de Papai Noel. “Não dá. Se a gente começa a contar uma história, eles não param de fazer pergunta”, confessa.
Marcelo prefere o viés educativo da figura. “Manter uma lista de boas ações da criança durante o ano ajuda os pais na disciplina dos filhos”, destaca.
Por:Janaína Brás
janainabras@opovo.com.br
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