Anthony Garotinho é levado de hospital para presídio em Bangu (Foto: Alexandre Cassiano/Agência O Globo) |
A prefeita de Campos dos Goitacazes, Rosinha Garotinho, chegou, por volta das 9h30 desta sexta-feira (18), ao complexo penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, para visitar o marido, o ex-governador Anthony Garotinho. Rosinha chegou ao local com uma sacola de remédios para o marido, mas sem a certeza se conseguiria entrar no presídio. "Eu estou esperando os advogados porque aqui não tem os medicamentos, nem os remédios que ele normalmente toma e foi solicitado", afirmou ela.
Garotinho foi transferido para a unidade no fim da noite desta quinta-feira (17) após ser preso pela Polícia Federal na quarta-feira (16) sob a acusação de usar programas sociais para comprar votos. Ele estava internado no Hospital Municipal Souza Aguiar por ter se sentido mal após a prisão.
Segundo Rosinha, no Hospital Souza Aguiar, tinha os remédios comprados, mas a UPA onde Garotinho está agora não tem os medicamentos."E é remédio que ele já fazia uso contínuo. Aqui não tem unidade coronariana. A própria médica daqui, ontem, falou que não tinha como recebê-lo porque o problema dele é de coração e ele não poderia estar aqui e, se ele sentisse alguma coisa, teria que chamar uma ambulância pra levar pra outro hospital, onde ele já estava dentro do hospital", afirmou a prefeita de Campos.
Durante a transferência do Hospital Souza Aguiar, no Centro, para a unidade prisional, a deputada federal Clarissa Garotinho, chegou a chorar e gritar que o pai "não é bandido" e tenta entrar à força na ambulância, sendo contida pelos policiais da escolta, enquanto Garotinho tenta se levantar, gesticulando e gritando contra os agentes e profissionais médicos que o conduzem. Foram necessários quatro homens para conter o ex-governador.
Questionada sobre as regalias que teria recebido durante a visita ao marido no Hospital Municipal Souza Aguiar, Rosinha negou a informação. "Eu não dormi no CTI. Bastava ele [o juiz] perguntar aos agentes da polícia federal que dormiram no CTI com ele. Me deram uma sala onde eu fiquei sentada. Isso é regalia?", disse Rosinha.
Na noite de quinta-feira, o Juiz Glaucenir Silva do Oliveira, de Campos de Goytacazes, decidiu pela transferência, por conta de suspeitas de que o ex-governador tenha recebido tratamento privilegiado na unidade pública. Glaucenir afirmou ter chegado ao seu conhecimento que “Anthony Garotinho estava recebendo diversas regalias no Hospital Souza Aguiar” e que “nenhum preso por ordem judicial pode ter direito a qualquer regalia ou tratamento diferenciado, seja em unidade prisional ou hospitalar”. A família desmentiu os favorecimentos.
A família rebateu a decisão do juiz e afirmou que a UPA do Complexo de Bangu não tem unidade coronariana e que, assim, não tem condições de receber um paciente com problemas cardíacos.
“Quer dizer que você tem um paciente médico com um laudo do hospital Souza Aguiar, dizendo que precisa de uma transferência pra um lugar em que ele não pode ser atendido pra ter uma ambulância pra sair correndo caso ele precise, não queremos privilégio nenhum, nós queremos que ele tenha toda a assistência médica que ele tem direito. Inclusive telefonei agora há pouco para o deputado Marcelo Freixo, presidente de direitos humanos da Alerj, que também considerou essa decisão absurda. Não é questão de descumprir uma ordem judicial, todas as ordens judiciais estão sendo cumpridas, é uma questão de que a justiça não pode ser desproporcional. Transferir um paciente pra um lugar onde ele não tem condições de ser atendido, isso é uma desumanidade”, afirmou a deputada Clarissa Garotinho.
A também ex-governadora Rosinha Garotinho, esposa de Garotinho, alegou que não houve nenhum benefício no tratamento dispensado a ele.“A regalia que disseram que eu estava tendo no hospital é dizer que eu estava dormindo dentro do CTI. As minhas testemunhas têm que ser os agentes federais que estavam lá dentro do CTI com ele. Eu passei a noite numa sala, quem estava dentro do CTI com ele eram os agentes federais. Então pergunte pra eles. Eu não dormi no CTI, eu só fiquei lá no hospital como todo mundo. Até mesmo porque ele é uma pessoa pública, ele estava em um quarto mais reservado pruma pessoa que precisa de mais privacidade”, disse ela.
A Secretaria Municipal de Saúde negou que tenha concedido privilégios a Garotinho durante seu tempo de internação e afirmou que a sala que ficou destinada à família dele foi designada dessa forma para não atrapalhar o funcionamento do hospital.Imagens veiculadas pelo "Jornal das Dez", da GloboNews, mostram o momento em que Garotinho é levado de maca para uma ambulância e se debate, parecendo estar bastante alterado.
Exame marcado para segunda-feira
Garotinho foi levado para Gericinó apenas algumas horas depois de a Secretaria Municipal de Saúde do Rio informar que ele permaneceria internado no Souza Aguiar até segunda-feira (21), para fazer exame de cateterismo que investigaria se há obstrução em alguma artéria coronariana.
Após ser preso, o ex-governador se queixou de dores no peito e alteração na pressão arterial e em batimentos cardíacos. Ao ser submetido a um ecocardiograma de esforço, realizado na manhã desta quinta, ele se queixou de dor intensa, que sugere um quadro de angina, levando os médicos a recomendar o cateterismo, agendado para o Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (IECAC).
Garotinho chegou a pedir transferência para o Hospital da Unimed, na Barra da Tijuca, onde recebe tratamento cardíaco, mas não conseguiu. Segundo a SMS, a prefeitura deu autorização para a transferência, mas a Polícia Federal negou o pedido.
Fernanda RouvenatDo G1 Rio
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