Fumo: pesquisadores analisaram os níveis das chamadas partículas finas - STEFAN WERMUTH / REUTERS |
RIO - Há décadas cientistas alertam para os danos do fumo passivo -
entre eles, doenças respiratórias e cardíacas -, mas um novo estudo traz
mais argumentos para controlar o hábito também dentro de casa. Segundo
pesquisa publicada no periódico "Tobacco Control", da editora “British
Medical Journal”, viver numa residência com fumantes equivale a viver
numa grande e poluída cidade, como Pequim ou Londres. O fumo em
edifícios públicos, restaurantes e bares vem sofrendo restrições cada
vez mais intensas pelos governos, mas no âmbito privado resta o bom
senso de seus moradores para negociar áreas livres da fumaça do cigarro,
sugerem os pesquisadores da Universidade de Aberdeen (Reino Unido).
“A
fumaça do cigarro pode gerar altos níveis de partículas tóxicas em
casa, muito maiores do que a experienciada do lado de fora de grandes
cidades. Tornar uma casa livre de fumo é a forma mais eficiente de
reduzir a quantidade de danos”, escreveu o líder da pesquisa, Sean
Semple.
- A evidência de que o fumo passivo leva a doenças já é antiga, mas a
questão é que estão provando que ela é realmente mais deletéria do que a
poluição - comentou a psiquiatra Analice Gigliotti.
Os pesquisadores analisaram os níveis das chamadas partículas finas
(PM2.5) - presentes na fumaça da combustão de óleos ou de cigarros - no
interior de 93 casas de fumantes e 17, de não fumantes, entre 2009 e
2013. A média de concentração de PM2.5 nas residências de fumantes era
dez vezes maior do que a encontrada na de não fumantes. Além disso, não
fumantes que viviam com fumantes tinham nível de exposição ao PM2.5 três
vezes maior do que os limites recomendados pela Organização Mundial de
Saúde (10 µg/m3). Cerca de um quatro das casas tinha uma média de
concentração de 111 µg/m3, mais de 11 vezes o recomendado pela OMS.
Muitos fumantes passivos que viviam em casas de fumantes inalavam,
segundo o estudo, quantidades similares de PM2.5 a que estão expostos
habitantes de grandes cidades com altos níveis de poluição do ar.
Os pesquisadores também estimaram que a massa total de PM2.5 inalada
durante um período de 80 anos para quem vive numa residência sem fumo
era de 0,76g, comparada com a de uma pessoa que vivia numa casa com
tabaco, de 5,82g. Não fumantes que vivem em famílias de fumantes
experimentariam uma redução de 70% de PM2.5 inalado se sua casa fosse
livre do cigarro, e a redução é especialmente importante para as
crianças e idosos.- Isso pode ajudar o fumante a se conscientizar do mal que pode fazer às pessoas que convivem com ele, E geralmente são seus próprios filhos que estão sendo afetados - explicou Analice Gigliotti.
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